DILEMA DE PAIXÕES - AMOSTRA (+18)
“Para os meus travesseiros, que me fazem sonhar com histórias loucas assim...”
Essa é a história de Evangeline Carson, uma pianista “não muito famosa” que se casou com Davian Belvure. Mas algo... parece errado demais.
- Khafka Mum (clique na imagem para assistir o trailerbook)
01
౨ৎNova York, ano de 1990
Olho o meu rosto maquiado no espelho, e o vestido branco no meu corpo, suspiro alto e ando de um lado para o outro no quarto de hotel. Acabei de receber uma notícia inusitada, da qual eu nunca estaria preparada para receber neste dia tão especial para mim. Meu nome é Evangeline Carson e esse é o meu primeiro e único casamento, pelo menos eu espero.
Me sento na cadeira macia, sentindo as minhas pernas fracas. Uma pessoa que eu conhecia acabou de cometer suicídio, e não sei como lidar com isso, sequer sei como sorrir hoje para o meu noivo. Estou me casando com um dos homens mais ricos da América atualmente, seu nome é Davian Belvure, recém-promovido a um cargo importante — recém-entre aspas é claro, porque já faz algumas semanas —, mas tudo ainda é muito novo para ele, e para mim com certeza.
Como esposa troféu, meu único trabalho agora é dar um filho a ele, para em breve assumir sua empresa também, assim como aconteceu com o avô dele e o pai, e agora ele. Este homem com quem estou me casando, é um homem sério — eu particularmente nunca o vi sorrir—, e estou um pouco receosa com o comportamento distante dele. Mas me disseram para não me preocupar, pois serei bem tratada, principalmente a minha família.
Me levanto da cadeira assim que uma mulher abre a porta, é a hora da noiva entrar e desfilar no tapete vermelho, até o noivo. E então receber a minha aliança de 18 quilates de ouro, no dedo anelar. O dedo que passei a semana toda olhando e imaginando o anel ali.
— Estou indo, obrigada. - Ajeito o meu cabelo e caminho até a porta.
౨ৎ De frente para a porta, escuto a música tocar e assim que a porta se abre eu tento esconder o meu nervosismo vendo todas as pessoas que estavam sentadas, me olharem e se levantarem.
— É essa a mulher que vai se casar com ele? - Uma mulher cochicha.
— Ela é tão nova, pensei que fosse ser mais velha.
— É uma bela mulher, não sei como puderam espalhar tantos boatos...
A música está tão baixa que é possível escutar os murmúrios de todos. Do lado esquerdo está a minha família, estão silenciosos ao contrário da família de Davian, ali estão alguns amigos e pessoas importantes do trabalho dele que foram convidadas. Fizeram segredos sobre que tipo de pessoa estava se casando com ele, então nenhuma foto nossa, sequer havia saído nos jornais. Pelo menos nisso, meus pais se saíram bem em fazer tudo ser tão discreto.
Mas apesar de ninguém ter visto fotos minhas, muitos boatos se espalharam, então virou uma coisa negativa no fim das contas. Mas preciso ignorar isso e torcer para acabar logo. Parei em frente a ele e subi no altar com a ajuda do meu pai, que esperava lá na frente. Por causa de uma tradição idiota na família, acabei precisando entrar sozinha. E foi bem desagradável.
— Você está pálida... - Davian disse sem me olhar enquanto o padre abria a bíblia sagrada.
— É a maquiagem... - Disfarcei com um sorriso e ele me olhou.
— Silêncio todos, por favor... Vamos dar início à cerimônia.
Todos se sentaram atrás e as portas se fecharam, a igreja é grande e cheia de vitrais bonitos com imagens dos santos e de Jesus e seu pai. Mantive meus olhos fixos na cruz enquanto o padre falava por horas, segurei a vontade de bocejar diversas vezes e até mesmo Davian parecia cansado de tanta lenga-lenga.
A cerimônia foi a coisa mais chata do casamento, as coisas só ficaram melhores depois que as crianças entraram com as alianças. Escolhi duas delas para entrar com as flores, são filhas de algumas das minhas amigas. Que estão presentes, sentadas atrás do banco dos meus pais. O menininho — sobrinho de consideração de Davian —, parou com a cestinha das alianças e Davian a pegou, e colocou sobre a mesa do padre.
— Que estas alianças sejam mais do que símbolos de união entre Evangeline e Davian, mas também lembranças constantes do amor e compromisso que eles compartilham. Que elas sirvam como lembretes do vínculo sagrado que estão prestes a formar e do juramento de fidelidade e amor eterno que estão prestes a fazer um ao outro. - O padre disse enquanto Davian pegava uma aliança da cestinha.
Olhei para a minha mãe e a minha sogra atrás de Davian e minha mãe sorriu contente. Fizemos os nossos juramentos e então a aliança foi colocada no nosso anelar. As pessoas bateram palmas, contentes dentro da igreja.
Fiquei sem graça na hora do beijo, mas assim o fizemos. Caminhamos para fora da igreja e entrei no carro do meu pai, neste momento estamos voltando para o hotel em que eu estava, onde acontecerá a festa de celebração.
— Meus parabéns querida! - Meu pai disse contente enquanto entrava no carro, seu nome é Elion Carson, tem 82 anos.
— Obrigada, meu pai. - Beijei a bochecha dele.
Minha mãe entrou também e se sentou no banco ao meu lado.
— Enfim casada! Que Alegria! - Ela me abraçou animada, seu nome é Viella, tem 78 anos.
Eles não são meus pais biológicos, cresci em um orfanato até os meus doze anos de idade, quando tive a sorte — entre muitas crianças. —, de ser adotada por um casal de idosos muito bem de vida. Eles haviam acabado de perder a filha mais velha e, carentes de uma filha nova, foram à procura de um orfanato, onde fui adotada. Desde então, cresci sendo uma filha bem obediente e criei laços fortes com os dois.
Há alguns meses atrás, enquanto ganhava o meu primeiro colar de pérolas do meu pai, eles me avisaram que eu teria que me casar com o filho de um amigo deles. Eu apenas aceitei essa situação.
Sorri contente para eles e olhei para fora do carro, vendo o carro de Davian e da sua família indo na mesma direção do hotel que a gente.
— Imaginei que ele fosse vir no mesmo carro que eu... - Falei baixinho, mas minha mãe ouviu, ela é uma senhora de idade, mas sua audição é excelente!
— Tenho certeza que ele tem assuntos importantes para falar com a mãe, ele é um homem ocupado. Mantenha isso em mente, minha filha.
Eu apenas concordei e olhei o Hotel mais à frente. É um Hotel 5 estrelas, e ele foi reservado inteiramente para essa festa. Olhei contente para o anel no meu dedo.
— Mãe, será que isso é mesmo 18 quilates?
— Talvez até mais, minha filha! Vamos ver quanto custa em um relojoeiro mais tarde.
Ela deu alguns gritinhos de emoção e segurou a minha mão. O motivo deles estarem tão felizes assim, é porque secretamente estávamos falindo, nossa pequena empresa de seguros estava indo de mal a pior, então a proposta de casamento veio na hora certa e nos salvou! Agora preciso me agarrar com tudo que tenho neste marido para não ficarmos pobres. E não me interprete mal, eu amo meu marido Davian, mas uma mulher não deve ficar totalmente cega em um relacionamento e muito menos depender dele emocionalmente. Se eu não tomar cuidado, posso acabar vacilando...
౨ৎ Desço do carro assim que chegamos, vou ao meu quarto com a equipe da maquiagem, e do vestido, e lá no quarto, troco de roupa para uma mais leve e elegante. A maquiadora refaz a minha maquiagem e logo fico pronta.
— Você nem bebeu água hoje, querida. - Minha mãe me dá um copo de água, antes de me deixar sair do quarto.
Eu a sigo, enquanto exercito o meu sorriso para ser agradável aos convidados. Assim que chego no salão, alguns convidados me olham e vem me parabenizar.
— Evangeline, querida. - Minha amiga me abraça. - Parabéns pelo casamento.
— Obrigada Ana Lúcia.
Outra convidada vem.
— Meus parabéns. - Ela aperta a minha mão gentilmente.
Eu comprimento outro e outro e antes do próximo se aproximar, passo os olhos pelo salão vendo as pessoas sentadas, conversando alegremente, e Davian estava mais à frente, também conversando com alguns homens de terno que eu não conheço, mas que já imagino serem colegas de trabalho e amigos. O ambiente é bem mais leve e agradável que na igreja, eles estão tomando champanhe enquanto os garçons andam de um lado para o outro oferecendo aperitivos, enquanto preparam a comida para oferecer a eles.
— Todos da família Belvure estão aqui, os tios, avós e amigos mais próximos da família. Eu reconheço o rosto de cada um e posso te dizer o nome deles, querida. - Minha mãe diz, ela está entusiasmada.
— Não precisa me dizer todos, apenas alguns, mamãe.
— Aquela ali é Monike Survan.
Ela começa a falar e falar e quando acho que acabaram as informações, ela fala mais sobre eles. É informação demais para o meu cérebro absorver, então apenas decoro o nome deles e que relações têm.
— Está noite será longa... - Assim que penso nisso, eu pego uma taça de champanhe e tomo um gole.
Mais tarde antes da dança, me sento na mesa preparada para mim e Davian. Chegar aqui sem conversar com ninguém foi impossível, alguém sempre me abordava para me parabenizar pessoalmente. Mas minha mãe já me alertou que agora preciso tomar cuidado, essas pessoas frequentemente vão me bajular agora que me casei com um homem rico e poderoso, eles querem criar bons laços comigo para, quando enfim precisarem pedir algo, sequer hesitar.
Enquanto sorria para as pessoas mais próximas da minha mesa, retirava meus sapatos discretamente e apertava os meus pés no chão frio. Estou de salto desde que acordei. E estou preocupada com a ligação que recebi mais cedo, antes do casamento. Avisando que aquela pessoa faleceu, não tive tempo de ligar para a família dele e dar os meus pêsames. E agora estou com um peso na consciência, por não sair correndo daqui apenas para ir até o telefone do hotel. Afastei esses pensamentos e mantive a minha postura quando Davian se aproxima e puxou a cadeira ao meu lado para se sentar. Olho para ele, e ele termina o champanhe em poucos segundos.
— Conseguiu cumprimentar todo mundo? - Ele pergunta, enquanto coloca a taça vazia na mesa.
— Acho que sim...
— Você acha? - Ele pega um aperitivo de queijo e come.
— É muita gente, então deixo eles virem até mim.
O garçom vem até a nossa mesa e coloca mais champanhe em nossas taças.
— Todos que estão aqui, fora a minha família, são parentes seus? - Pergunto, mesmo já sabendo da resposta.
— A maioria sim, outros são amigos meus e convidados de convidados.
— Entendi...
É muita gente mesmo, pensei que seria uma festa particular mais reservada, mas quando olho para todo mundo assim, penso que é só um show para verem que ele está se casando, e com que tipo de pessoa. Ele é como uma celebridade que usou o casamento para anunciar a esposa; esse casamento com certeza vai aparecer na TV e na primeira capa das revistas. Olho discretamente para ele e aposto que ele está usando isso apenas para mostrar que ele é o típico homem americano na casa dos 30, que as pessoas do exterior imaginam, alguém sério, decidido e obviamente patriota.
Isso ficou ainda mais evidente para mim quando ele alugou esse hotel onde o atual presidente se hospedou anteriormente. É algo discreto, mas que diz muito, sobre o tipo de pessoa que ele é, e o tipo de empresa que ele governa.
— Tem algo errado na minha cara? - Ele pergunta, e eu percebo que o encarava demais.
— Desculpe, só estou admirando a beleza do meu marido. - Provoco um pouco, mas ele se mantém firme, sequer sorri.
— Você deve estar cansada, tudo bem para mim, se quiser dar uma escapada para descansar no quarto de hóspedes.
— O... quê?
Tenho a impressão de que foi mais uma ordem do que um pedido.
— Mas e a dança? - pergunto. - Não posso me ausentar da festa assim.
— Pode ser mais tarde, ninguém vai notar se você sumir um pouco.
Qual é o problema dele agora!? Como assim "ninguém vai notar"? Eu sou a noiva! É óbvio que vão notar o meu sumiço. Se ele apenas estiver tentando ser legal, está sendo péssimo nisso.
— Eu vou. - Me levanto irritada, mas escondo isso. Saio do salão e fecho a porta atrás de mim.
— Evan? Por que está aqui? - Minha mãe, que estava coincidentemente do lado de fora, pergunta.
— Eu só preciso descansar um pouco, e você?
— Seu pai está passando mal. Você sabe como ele é, detesta lugares cheios. - Ela toca o meu braço, e eu olho para a saída do hotel, onde meu pai está.
— Mas ele vai ficar bem?
— Vai sim, estou pedindo ao motorista para levá-lo para casa.
— Mesmo? Se ele quiser descansar no meu quarto, não tem problema.
— Não, ele quer ir para casa. Você sabe como ele é.
— Entendo, tudo bem...
— Vá e descanse então, minha filha. Logo vou lá para te chamar.
Dou um beijo na testa da minha mãe e subo de elevador até o último andar, onde está o meu quarto. Lá, retiro meus sapatos novamente e deito na cama, tomando cuidado para não bagunçar o cabelo. Olho para o telefone no armário e aproveito a oportunidade para fazer uma ligação. Giro o disco e coloco os números que me lembro, fazendo a chamada.
— Alô? Eu gostaria de falar com a senhora Nilza Arruda, de Las Vegas.
— Um momento... - Toca uma musiquinha, e então aquela mulher atende.
— Alô?...
— Olá, meu nome é Evangeline... Eu, fui amiga do seu filho... Gostaria de dar os meus pêsames.
Houve silêncio do outro lado da linha.
— Fiquei sabendo mais cedo do que aconteceu e, por conta de algumas coisas que estão acontecendo agora, não pude ligar antes.
— Entendo... Obrigada.
A voz dela está fraca, e ouço alguns barulhos de pessoas conversando do outro lado da chamada.
— Se eu puder perguntar, quando será o velório?
— Em três dias...
— E... Vai ser na sua casa? Onde vai ser? Eu pretendo ir.
— Não precisa se incomodar...
— O quê?
— Eu já sei que tipo de relacionamento vocês dois tinham.
Minha boca seca começa a ficar amarga.
— Isso é culpa sua.
— S-senhora!
Ela desliga o telefone na minha cara.
— Alô? Senhora! - Afasto o telefone da orelha e me sento na cama. - Droga...
Como ela pôde dizer uma coisa assim? Foi mesmo minha culpa? O que eu fiz foi tão terrível assim, ao ponto dele fazer isso? Encosto a minha cabeça no travesseiro e olho o teto.
O filho dela fazia a mesma faculdade que eu, relações internacionais. Nós nos aproximamos bastante e começamos um relacionamento, mas assim que eu soube que iria me casar com Davian, terminei o nosso relacionamento e nunca mais fiquei sabendo dele, até então, quando uma amiga da faculdade ligou avisando da morte dele. A princípio, eu demorei para acreditar, então liguei para a faculdade para confirmar, e eles realmente confirmaram a morte. Mas eu realmente não esperava que a mãe dele, fosse dizer essas coisas para mim.
Fechei meus olhos enquanto pensava nisso e logo peguei no sono. Acordei momentos depois com o toque da minha mãe no meu ombro.
— Está na hora da dança, querida. Vamos fazer as fotos depois e finalmente encerrar esse dia cansativo.
Me lembrei das duras palavras de antes e abracei a minha mãe com força.
— O que houve?
— Nada... Não é nada...
Minha mãe nunca soube do meu relacionamento; mantive isso em segredo pelo fato daquela pessoa não ser uma pessoa rica. Eu tive medo da reação dela, então escondi isso de todas as formas, e não é hoje, definitivamente não é hoje que eu vou revelar isso.
౨ৎ No salão, vejo que prepararam um espaço para a dança dos noivos. Havia alguns casais dançando, mas assim que a música parou eles se dissiparam e uma música familiar começou a tocar, vinda do pianista.
Era a música que minha sogra Genévia, e minha mãe escolheram juntas para essa noite. Eu não coloquei um dedo sequer na preparação do casamento. Minha sogra fez praticamente tudo sozinha, organizou todo o evento e só permitiu que minha mãe desse alguns pitacos, e minha mãe apenas aceitou, porque lamberia o chão onde minha sogra pisasse. Ela está um pouco cega pelo poder e dinheiro que a família Belvure possui. Davian foi até a pista e eu fui até ele, segurei uma de suas mãos e coloquei a outra mão no seu ombro.
A valsa é a mesma que pratiquei com o meu pai. Porque o "senhor ocupadinho" aqui, não podia treinar comigo. Não hesitei em pisar no pé dele propositalmente umas 7 vezes, aproveitei a última pisada para descontar a raiva que ele me fez passar agora a pouco. Quando a dança acabou e as pessoas aplaudiram, eu o vi indo até o fotógrafo mancando. Olhei para a minha mãe, que havia percebido o que fiz, e fui até o fotógrafo também. Eu sou uma boa dançarina, mãe, o pé dele que estava atrapalhando.
— Certo, por favor fiquem bem próximos para fazer a primeira foto. — diz o fotógrafo.
Davian se sentou na poltrona e eu fiquei em pé ao lado dele, a foto foi feita. Depois ele se levantou e colocou uma das mãos na minha cintura e outra foto foi feita. Tiramos mais duas fotos e então fiz as outras sozinhas para mostrar o vestido caríssimo. Neste exato momento estou usando 700 mil dólares apenas neste vestido. O salto custou 34 mil e o colar de pérolas foi presente do meu pai, e como presente não se pergunta o preço, eu não tenho ideia de quanto ele vale. Enfim a noite se encerrou, e quando todos os convidados estavam indo embora, eu e Davian pudemos enfim comer sozinhos.
— Pensei ter ouvido que você praticou antes. - Ele disse enquanto pegava a taça.
— Doeu tanto assim? Desculpe, é que o pé do meu pai é mais ágil que o seu.
Ele franziu a testa, meu pai é um idoso, então foi um tapa na cara invisível.
— Eu aposto que é.
— Como está a sua comida? A minha está ótima. - Dei uma garfada na carne e cortei.
— A minha também está...
Tomei um pouco do vinho e olhei para Davian.
— Você disse para eu descansar antes, mas você também não descansou.
— O quê? - Ele levantou o rosto. - É claro que eu descansei, enquanto você se arrumava, eu dormi um pouco.
— Àquela hora? Assim que cheguei no hotel?
— Isso.
— A maquiagem e o vestido nem demoraram tanto... - Bebi mais um pouco.
— Foram 20 minutos, um tempo agradável para dormir. - Ele bebeu mais um pouco.
Suspirei e olhei a minha aliança.
— Como será daqui em diante? Minhas coisas já chegaram na sua casa?
— Provavelmente.
— Você ao menos procurou saber? - Pensei enquanto apertava o garfo.
— Minha mãe deve ter cuidado de tudo, não se preocupe.
Me pergunto até quando a mãe dele vai resolver tudo no lugar dele.
— O seu pai, como ele está? Eu não vi ele no casamento. — pergunto.
— Ele precisou viajar de última hora.
— Mesmo? Mas é o nosso casamento...
— O mercado corporativo não abre exceção.
— Mesmo a empresa sendo de vocês? Uau...
— Se começarmos a abrir exceções, não sei onde vamos parar, além de sermos como qualquer outra empresa genérica. Precisamos ter um diferencial.
— E que diferencial é esse?
— Sem exceções.
Ah, eu devia ter pegado essa de primeira.
— Então o diferencial de vocês é trabalharem todos os dias, sem descanso, até nos finais de semana, dias de celebração e feriados?
— "Nós"
— Quê?
— Você está inclusa nisso agora, o nosso diferencial é sim trabalharmos todos os dias, sem descanso, até nos finais de semana, celebração e feriado. Mais alguma pergunta?
— Nenhuma não... - Tomei o meu vinho e apertei a taça de vidro com os dentes.
Olhei as luzes fracas do ambiente, aquele salão cheio, e movimentado, também barulhento, agora está vazio e apenas um violinista toca lentamente para criar uma atmosfera agradável. Sei muito bem o que vem a seguir, o meu trabalho como esposa começa hoje. A noite enfim termina, e subimos para o nosso quarto no último andar, confesso estar nervosa com o que vai acontecer, mas não posso deixar o meu nervosismo me atrapalhar, é agora ou depois, não há como fugir disso, dele.
Olho para as costas dele em frente ao closet, enquanto ele retira seu relógio de ouro maciço. Este homem cheira a riqueza, não dá para negar, o cheiro de perfume caro e as roupas de marca, este terno que ele está usando, sem dúvidas deve valer mais do que esse hotel. Tudo nele esbanja riqueza e um poder absurdo.
— Você quer tomar um banho primeiro? - pergunto enquanto tiro alguns grampos do meu cabelo.
— Não faz sentido tomar banho antes.
— É claro que não faz... - Murmuro.
Eu me referia a fazer o necessário no banheiro, e depois continuar na cama, mas não vou abrir a minha boca para dizer isso.
— Gostaria que não tirasse o vestido.
Eu paro de tentar puxar o zíper e olho para ele.
— Fique com ele.
Este vestido não é o qual nos casamos na igreja, é uma versão mais simples daquele, um mais leve. Me impressiona que ele tenha gostado deste.
— Você gostou desse em mim? - provoco um pouco.
— Branco, de alguma forma combina com você.
Essa é a única coisa legal que ele já disse para mim, até o momento.
— Combina?
— Sim, por isso fique com ele hoje, pelo menos mais um pouco.
Quando me dei conta, ele estava perto o suficiente para me beijar.
— Está bem, então eu vou ficar com ele mais um pouco... - Olho o meu reflexo nos olhos azuis dele, e eu o beijo primeiro.
Na cama, olho meu reflexo mais uma vez, e sinto os seus beijos no meu pescoço, a mão dele aperta a minha coxa e ele de alguma forma se encaixa entre as minhas pernas. E eu o envolvo para mostrar que ele é bem-vindo.
— Você está quente... - digo sentindo a pele dele sob as roupas, sua cintura é macia e a sua mão é grande demais apertando a minha coxa.
Ele lentamente está ficando excitado e me deixando também, ele beija com força e às vezes nossos dentes batem e machucam, mas eu não me importo, e pelo visto ele também não.
Passo as minhas mãos nas costas dele até o cabelo, e meus dedos se perdem enquanto bagunçam o cabelo dele, sinto sua virilha bater na minha bunda e seu pau duro esfregar com força entre as minhas pernas, onde está quente e começando a ficar molhado. Seus beijos intensos começam a atiçar o calor no meu corpo, quando me dou conta sinto que estou pingando, sedenta por um desejo ardentemente que está me consumindo, nos consumindo.
Ele toca minha cintura enquanto coloca o rosto no meu decote, aperta a minha cintura contra si, e alcança a mão até os meus seios, onde os meus mamilos imediatamente ficam duros de excitação. A mão dele brinca sob a minha roupa, e estou cada vez mais louca, para que ele finalmente tire o meu vestido e nossos corpos nus finalmente rocem um no outro com força e vontade, mas ele está demorando demais, e não sei se vou conseguir manter a sanidade por mais tempo.
— Você está começando a me deixar maluca... Por favor, me deixe tirar o vestido.
Ele parece não me ouvir, aperta meus seios com força e continua se esfregando em mim, ele também está começando a chegar no seu limite, então para acabar com o meu sofrimento e me dar alívio, retira a minha calcinha habilmente, e com uma das mãos enfia os dois dedos dentro de mim, e então percebo o quão encharcada estou. Seguro o rosto dele, e o beijo com intensidade, apertando seus dedos com a parede interna da minha vagina, ele mergulha os dedos lá dentro e os mexe. Esfrega a parede interna, perto do meu clitóris e me deixa cada vez mais doida, para que ele finalmente enterre seu pau dentro de mim, mas ele ainda não o faz, e resta apenas o desejo em mim.
— O que ele está fazendo? Querendo me humilhar assim, quer que eu implore que me foda de uma vez!? - Penso agoniada enquanto seus dedos se divertem dentro de mim.
— Você ainda não está molhada o suficiente... - Ele cochicha no meu ouvido, parece ter entendido que estou desesperada, mas ainda assim, eu não digo nada.
Não posso dar o braço a torcer tão cedo.
Davian enfia mais um dedo dentro de mim e com o restante da mão, aperta os lábios da minha boceta, tento fechar as minhas pernas para aproveitar esse movimento gostoso, mas não consigo. O fato dele estar entre as minhas pernas agora, impossibilitando que eu as feche, me deixa frustrada.
— Por favor... - Acabo dizendo, apenas não consigo mais me segurar. - Por favor, vamos transar de uma vez...
Que droga, acabei me sujeitando a isso mais uma vez, implorar por algo assim é um pouco humilhante... Este homem não tem pena de mim! E ele foi ligeiro em finalmente atender os meus desejos. Ele também estava ansioso por isso? Será que por minha culpa eu acabei fazendo isso demorar mais do que devia? Argh...
Enquanto ele fica de joelhos na cama, tirando a camisa. Eu imediatamente faço o meu vestido sair voando em um passe de mágica, não subestime uma mulher excitada em um vestido complexo. Ele olha os meus seios e imediatamente se debruça sobre eles, lambendo cada um deles e chupando com vontade. Levanto uma das minhas pernas e vejo ele retirar seu cinto e jogá-lo no chão. E então finalmente sinto seu pau na porta de entrada da minha vagina, e ele mergulha nela, mergulha com vontade e facilidade.
Escuto aquele barulho molhado e um suspiro excitado sair dos lábios dele, e imediatamente eu o calo com o meu beijo, a mola da cama me faz quicar toda vez que ele entra e se afasta, cada vez mais rápido, mais forte ao ponto de precisar morder os lábios dele, apenas para que eu não grite de tanto prazer. Ele se move e se move e quando acho que cansou, trocamos de posições. E agora ele está atrás de mim empurrando minha bunda diversas vezes, me fazendo abafar os sons excitados no travesseiro do hotel. Meus olhos se reviram cheios de prazer e sinto algumas gotas de suor escorrer da minha barriga até o meu pescoço.
Eu estava anestesiada de tanto prazer, mas despertei novamente quando ganhei um tapa alto e gostoso na bunda, ao ponto de ficar marcado.
— Não ouse apagar agora, não tenho intenção de parar se isso acontecer... - Ele adverte e eu apenas assenti, refém dele, não quero que o prazer acabe, por favor volte a se mexer com força dentro de mim.
— Não vou... - Levanto mais ainda a minha bunda e dou uma espiada no relógio em cima do criado mudo, vendo que já são quase 5 da manhã. — Por favor, continue fazendo o seu trabalho... Amor.
Assim que eu disse essa última palavra, os movimentos dele se tornaram mais intensos, minha coluna até mesmo doeu com tamanha força dentro de mim, então houve o pico de excitação e eu gozei com tamanha vontade que pensei estar fazendo xixi, foi tanta alegria sentir aquilo saindo de mim, como se o trabalho estivesse concluído.
Gemi alto quase como um grito, mas ele não parou, continuou empurrando para dentro de mim, ele se divertiu tanto que minha boceta começou a inchar e eu gozei mais uma vez ao ponto da cama ficar molhada. Então ele puxou o meu cabelo e se sentou na beira da cama, mas continuei em cima dele, quicando belamente sem parar, meus peitos balançam contentes no rosto dele. Então parei, quando senti por fim ele gozar dentro de mim com força. Praticamente encheu o meu útero com o jato, e era tão gostoso, pude ouvir de pertinho ele soltar um gemido grosso.
Que me motivou a me mexer mais ainda no colo dele, então quando eu apenas não dei conta mais, ele me empurrou na cama e continuou estocando dentro de mim, até que enfim eu desmaiei.
— Evangeline... - Ele me sacudiu e eu despertei meio grogue.
— Vamos, continuar...? - Eu disse baixinho.
— Não, vamos tomar um banho. Vou chamar a equipe de hotel depois, para trocar os lençóis... - Senti ele desgrudar meu cabelo molhado do corpo e da nuca.
— Tá... - Minhas pernas estavam fracas, tentei me levantar, mas trombei nele e ele me segurou.
— Acho que exagerei um pouco, na nossa primeira noite.
— Um pouco... - Eu sorri e comecei a rir.
— Não é engraçado. - Ele se manteve firme e me levou até o banheiro.
Me colocou na banheira e ligou o chuveiro molhando as minhas costas.
— Ahh! Que gelado... - Cruzei os braços.
— Vamos, limpe-se. Não seja teimosa. - Ele me ajeitou, me fazendo encostar as costas e molhou os meus seios e o resto do meu corpo.
Peguei a chuveirinho da mão dele e lavei o meu corpo, começando a despertar novamente. Ele enrolou a toalha no quadril, ajeitou a cama novamente e ligou para a recepção. Eles vieram imediatamente e limparam tudo, trocaram os lençóis e tudo ficou novo outra vez. Quando saímos do banheiro, eu me joguei na cama e apaguei, sequer vi se ele fez o mesmo. Apenas apaguei.
02
Levanto por volta das 9 horas, tomo outro banho mais quente e arrumo meu cabelo. Davian não está no quarto, mas escreveu um bilhete avisando que está na área de relaxamento do hotel. Seja lá onde isso fica, preciso ligar para a minha mãe primeiro. Meu pai não estava bem ontem e preciso saber se ele melhorou. Vou até o telefone, giro o disco e enrolo o cabo que parece uma mola nos meus dedos.
— Alô, bom dia mãe.
— Bom dia, como foi a noite? - Escuto ela rindo contente.
— Acho que me sai bem... - eu rio. - Enfim, liguei para saber como o papai está.
— Ele ainda está dormindo, pedi aos empregados para deixar ele acordar sozinho.
— Entendi, quando ele acordar diz que mandei um beijo.
— Vou dizer, querida.
— Vou aproveitar o hotel mais um pouco, esse é o último dia... Amanhã vamos embora.
— Entendo, suas coisas já foram levadas por alguns empregados até a sua nova casa. Mal posso esperar para ir te visitar, agora que você se casou com um Belvure, e está naquela casa imensa.
Eu rio.
— Você fala como se a nossa casa fosse pequena.
— Mas em comparação com as do Belvure, uau...
— Tá bem, já entendi que você está muito animada com isso.
Ela ri outra vez.
— Bem, preciso desligar agora.
— Tudo bem, beijo.
— Ah, se puder veja o jornal. Está bem?
— Deve estar uma loucura... Tem algum spoiler para mim?
— Veja por si mesma, meu amor.
— Tá bem, beijos. - Coloco o telefone no lugar e vou até a televisão de tubo e aperto o botão. No primeiro canal que eu ligo, está a minha cara estampada.
— Minha nossa, essa foto é antiga. - Olho uma foto minha de quando eu tinha 16 anos, sentada em frente ao piano, tocando em uma apresentação na ópera. Os apresentadores estão sentados fofocando sobre o meu passado.
— Impressionante que entre tantas boas candidatas, escolheram essa mulher para se casar com Davian.
— Outras boas candidatas?
Sento na cama e cruzo os braços enquanto meu sorriso começa a desmanchar vendo outras fotos minhas.
— É, você sabia que entre as mulheres que a senhora Genévia Belvure escolheu para ser a noiva de seu filho, está a Miss Beleza Ivana Maltez?
— Sério!?
— Entre outras mulheres, como a filha do ex-presidente Theodore Roosevelt, a senhorita Anna Lumna, e a sobrinha do atual chanceler francês Viola Yelissa.
Ele dá vários exemplos de boas candidatas solteiras que aceitariam de bom grado de casar com Davian.
— Que desagradável... - Mordo a minha unha enquanto eles voltam a falar sobre mim.
— Essas são boas mulheres que seriam, na minha visão, perfeitas para se casar com Davian, além de serem boas para a empresa dele, quanto mais famosas melhor. Mas acabaram optando por escolher essa garota rica, que ninguém sequer ouviu falar antes.
— Senhor Breno, está sendo cruel ao dizer essas coisas. - Uma apresentadora ri. - Deve levar em conta que Davian provavelmente está apaixonado por essa mulher, caso contrário eu realmente duvido que escolheriam a senhorita Evangeline.
Se ela tentou melhorar a situação, não deu muito certo...
— Veja bem, é claro que um casamento por paixão. Caso contrário, por que motivos mais, ele se casaria com uma pianista que vamos ser sinceros, nem tem tanto talento assim.
A plateia no programa fica agitada.
— Você pode acabar sendo processado, cuidado. - A Apresentadora ri e eu desligo a Tv.
— Que irritante, quem eles pensam que são, para mexer assim no meu passado e fofocarem abertamente sobre a minha vida? As pessoas deviam ter vergonha de fazer algo tão feio em público, e ainda criar um programa na TV aberta para isso. - Resmungo indo até a porta do quarto.
Saio de lá imediatamente e vou até o elevador, seguindo para a recepção do hotel.
— Bom dia, pode me informar para que lado fica área de lazer do Hotel?
A recepcionista informa a direção e eu vou até lá, vejo Davian praticando golfe em um espaço pequeno.
— Você já viu a TV? - Pergunto enquanto cruzo os braços.
— Bom dia, para você também. - Ele sequer me olha enquanto faz a sua tacada.
— Desculpa, bom dia...
— Sim, eu vi na televisão na hora do café da manhã.
— Viu todos os programas?
— Só o primeiro que liguei.
— Imagino que não tenha sido o New SAM do canal 26...
— Não, vi outro. Mas já imagino que não tenha sido muito agradável.
— Eles são como vespas, estão agitadas sem motivo algum, e pior. Me atacando.
— Não é bem sem motivos... - Ele olha um funcionário colocando uma bola nova no pino. - E você já devia saber que seria criticada.
— Bota criticada nisso, pegaram fotos minhas do passado e passaram na TV sem qualquer pedido de autorização, fora estarem sendo super maldosos, os comentários são terríveis.
Ele ri e se prepara para fazer outra tacada.
— E você está rindo?!
— Só achei engraçado que você tenha sido tão ingênua de achar que eles não falariam mal de você.
— Argh...
Olho em volta e sento em uma mesa onde há alguns aperitivos.
— Não ouvi nada de ruim sobre você, é injusto que eu seja o alvo principal. - Arranquei uma uva do cacho e comi.
— Bem-vinda a um dia qualquer da minha vida, melhor se acostumar de pressa, porque fui alvo de críticas desde o meu nascimento.
— Ah que ótimo, ninguém me avisou dessa parte... - Resmunguei e comi outra uva, vou acabar com tudo.
— Você vai se sair bem, é só não ver muito a TV. Evitar os paparazzis, não dar nenhuma entrevista e evitar qualquer confusão para não criar boatos.
— Para quem viveu invisível a vida toda, não vai ser difícil... Sério, minha apresentação de piano tinha apenas 500 pessoas, eu toquei muito bem na época, não acredito que isso sequer ficou na mídia.
Eu sou tão irrelevante assim? Isso é tão irritante de certa forma, não me incomodei com isso antes, mas agora...
— Você toca piano? - Ele perguntou surpreso.
— Quê!? Você não sabia disso?
— Claro que não.
Me irritei e joguei uma uva na cabeça dele, que me olhou feio.
— Você era bem mais agradável ontem.
— Hoje é um novo dia.
— Não me diga...- Revirei os olhos.
Certo, não parece tão difícil. Só preciso evitar a televisão, não chamar atenção e evitar escândalos, tudo vai ficar bem se eu apenas ficar na minha, certo?
౨ৎ Passei o resto dia relaxando na área do SPA, afastando de todas as formas, as lembranças negativas do que disseram sobre mim. Estou incerta se eu apenas evito aparecer na TV, ou se eu mudo a minha aparência e tento ser superior aquelas mulheres que apareceram antes. Não quero me sentir inferior a elas, esses pensamentos me deixam preocupada com que tipo de imagem eu terei a partir de agora.
Além disso, agora que aparentemente sou uma pessoa de influência, devia continuar estudando na quietude da mansão e mostrar as minhas habilidades em público, talvez essa seja a única forma eficiente de eu não ser apenas mais uma esposa de um milionário.
Apenas preciso traçar um bom plano, enquanto tento avançar os meus planos de engravidar logo. Para ser sincera, eu não tenho qualquer noção de maternidade, será que eu devia aprender sobre isso primeiro? Nunca tive um instinto materno, exceto com a minha gata Anne, mas imagino que ser uma boa dona de gato, não seja a mesma coisa que ser uma boa mãe.
Apesar de ter pensado nisso a tarde toda, à noite Davian e eu acabamos fazendo amor mais uma vez. Foi bom para desestressar e afastar esses pensamentos chatos para longe enquanto foco apenas em morder o travesseiro e tomar cuidado para não gemer alto demais, céus... Morro de vergonha de olhar qualquer funcionário no hotel, com receio de que possam ter ouvido qualquer coisa na noite passada.
Independente disso, eu preciso admitir que Davian é maravilhoso na cama, chega a ser bizarramente estranho. Ele possui um poder dominante sobre mim nessas horas, e eu fico avoada, completamente fora de mim quando fico excitada por causa dele. Será que a minha vida sexual vai ser assim para sempre!? Será a melhor parte desse casamento, além do dinheiro é claro...
No dia seguinte, bem cedinho. Colocam minhas malas no carro de Davian e entro, já observando um grupo de paparazzis do lado de fora do Hotel, apenas esperando ansiosamente para que a gente saia.
— Eles realmente perderam tempo vindo até aqui? Inacreditável... - digo enquanto coloco o cinto.
— Você desacredita mesmo vendo por si mesma? Uau, você não tem mesmo autoconfiança. - Davian diz enquanto liga o rádio do carro e se prepara para sair.
— Claro que tenho, foi jeito de falar. - abaixo o vidro do carro, mas Davian o sobe novamente.
— Por que abaixar o vidro? Quer uma foto sua em alguma revista? Já até imagino o título...
— Não é isso, esse cheiro de carro novo me deixa enjoada.
— Tem um pouco de álcool no porta-luvas, coloca no paninho e cheira um pouco. - Ele para o carro e os portões se abrem.
Fico surpresa com isso, abro o porta luvas e realmente há álcool ali.
— Por que isso está aqui?
— Minha mãe tem o mesmo problema, então já deixo no carro. - Ele lentamente passa com o carro enquanto os paparazzis abrem caminho, os flashes das câmeras são um saco.
— Parece que vocês realmente são bem próximos... - Coloco um pouco de álcool no pano e aproximo do nariz.
— Agora que assumi a empresa, somos mais ainda. Minha mãe é como uma parceira de negócios.
Queria respondê-lo, mas viciei no cheiro agradável do álcool.
— Mas não fique achando que eu sou um filhinho da mamãe, estou lentamente afastando ela dessa posição favorável.
— Mesmo? - Minha voz sai abafada.
— Sim...
— Queria perguntar antes, mas esqueci...
— O quê?
— Por que a sua mãe me escolheu?
Ele ficou em silêncio.
— Ela tinha outras opções de Nora, vamos ser sinceros, não foi pela minha beleza, muito menos pelo meu talento no piano...
— Eu não sei, ela apenas achou que você seria a melhor opção.
— Simples assim?
— Simples assim.
Olho para a rua movimentada de Nova York, os pedestres apressados e os assalariados com maletas e gravatas. Tudo passa muito rápido por causa da velocidade do carro.
— Simples assim... - Suspiro repetindo.
É muito difícil de acreditar nele, mas não vou ficar insistindo nisso. Uma hora ou outra, vou descobrir por que me escolheram para casar com este homem.
౨ৎ Finalmente, diante da mansão, desço do carro e assim que toco o pé no chão, meu salto se quebra e eu quase caio.
— Porcaria de salto... - tiro o meu sapato meio sem jeito por ter acontecido na frente dos empregados.
— Tirem as malas do carro. - Davian diz, entregando a chave para um empregado.
Vou até a escadaria e retiro logo o outro sapato.
— Imagino que você vai ficar bem agora, os empregados vão mostrar o quarto para você.
— Quê? Você não vem junto?
— Vou estar no meu escritório o resto do dia, mais tarde nos vemos. - Vejo ele indo para outra direção e suspiro.
— Certo... Então por favor me levem até o quarto, vou trocar de sapato e ver onde estão as minhas coisas.
Olho para duas empregadas e as sigo.
— Por acaso a minha gata veio também?
— Gata? Desculpe, não vi nenhum animal por aqui. - A empregada diz.
— Que coisa... Se importam de mandar alguém procurar para mim? Talvez ela tenha se perdido.
— Vou pedir sim, senhora...
— Obrigada.
Acompanho elas para dentro da mansão e fico impressionada pelo tamanho da escadaria, o hall é gigante e as paredes têm cor de marfim, a decoração é típica de casa luxuosa, com carpetes, luminárias, lustres amarelados e madeira vermelha. O ambiente é fresco e acolhedor, e há muitas janelas onde há bastante entrada de ar. O piso está gelado, não sou de deitar no chão, mas com o calor que está fazendo lá fora... Estou quase me sujeitando a isso.
Sigo a empregada até o topo da escada, onde entramos em um corredor, depois viramos a esquerda duas vezes e três para a direita até ir a uma sala, nesta sala há uma porta que leva até outro corredor e neste corredor nós andamos até o final, onde viramos na direita duas vezes e finalmente a porta do quarto.
— Chegamos, imagino que esteja ansiosa para ver suas coisas... - A empregada abre a porta e eu entro.
O quarto de Davian, e agora nosso... É aconchegante também, há um longo carpete cinza no chão, a cama fica a esquerda, e é do tamanho King, há uma lareira e um sofá de frente para ela, e de frente para o sofá está a cama. Um lustre bonito está no teto e as janelas são maiores do que eu.
— É maior do que eu tinha imaginado que seria... - Vou até a cama e me sento nela, sentindo a maciez.
— Vou deixá-la sozinha um pouco, o closet fica atrás daquela cortina. Suas coisas mais pessoais estão em uma caixa do chão.
— Entendi, obrigada.
Ela sai de pressa e fecha a porta. Eu olho ao redor, sentindo o cheiro do lugar e deito as minhas costas na cama.
— É maravilhoso... - Olho a minha aliança, e depois me levanto indo até a cortina, onde está uma porta.
Abro a porta do closet e vejo a caixa com os meus pertences no chão, todas as roupas de Davian estão nos cabides e algumas coisas em caixas, tudo protegido por vitrais, e em um espaço em cima, estão algumas sacolas da Gucci e outras marcas famosas que parece ser os presentes que ganhamos no casamento. Vou deixar para ver tudo isso mais tarde, quando minha mãe vier me visitar. Me abaixo perto da caixa, e abro com um pouco de dificuldade por causa da fita colante que colocaram de mal jeito.
Dentro dessa caixa estão algumas lembranças minhas, como presentes que ganhei dos meus pais na adolescência, meus itens de higiene como escova e pentes, e também alguns dos meus chapéus favoritos.
— Agora que tenho mais dinheiro, vou ter um closet inteirinho só para chapéus... - penso animada nisso.
Depois de alguns minutos arrumando tudo em um espaço dedicado para mim, eu saio do closet e escuto uma batida na porta.
— Pode entrar.
A empregada entra.
— Ainda não encontramos nenhum gato, senhorita...
— Mesmo? Vou ligar para minha mãe e perguntar...
— Gostaria de comer alguma coisa? Podemos preparar agora mesmo.
— Qualquer coisa?
— Sim.
— Hum, então quero um prato especial.
— Há algo específico em mente?
— Deixe eu pensar... - Pondero entre duas escolhas. - Acho que quero um prato francês que só comi uma vez, se chama Carré de cordeiro com risoto de hortelã.
— C-certo, vou me lembrar desse prato.
— E se puder também gostaria que a sobremesa fosse Panna Cotta com calda de frutas vermelhas.
— Mais alguma coisa?
Olho ao redor pensando se ela iria decorar mais alguma coisa.
— Vou comer ao ar livre, por favor.
— Certo!
Ela sai do quarto e eu suspiro pensando que essa será a minha nova vida a partir de agora.
— Ah sim, preciso ligar para a minha mãe... - Vou até o criado mudo onde há um telefone e começo a discar o número de casa. - Bom dia, gostaria de falar com a minha mãe. Já estou na casa Belvure... Certo, vou aguardar...
Um momento depois, minha mãe chega até o telefone.
— Querida! Bom dia, dormiu bem?
— Maravilhosamente bem, já estou em casa. - Falo contente.
— Que maravilha! Não vejo a hora de ir te visitar - ela ri.
— Eu ainda não abri os presentes, estou esperando você para abrirmos juntas.
— Está me deixando ainda mais animada, Evan. - Ela ri boba.
— Ah, mãe. Por acaso a Anne não veio junto?
— Ah, a Anne?
— É, você se esqueceu de enviar ela?
— Nossa, esqueci mesmo. Ela deve estar no quarto do seu pai, vou mandar alguém procurar por ela.
— Entendi, estou com saudades dela. Por favor, me envie assim que possível.
— É claro, pode deixar minha filha. Vou enviar ela para você.
— Ótimo, vou desligar agora. Estou esperando o meu pedido culinário ficar pronto.
— O que você pretende comer?
Eu conto tudo a ela, e minha mãe fica cada vez mais feliz.
— Como o papai está?
— Às vezes ele vai ao seu quarto e fica olhando tudo, acho que ainda está se acostumando com a ideia de você ter se casado. - Ela ri.
— Como se eu fosse uma garotinha... Já tenho 32 anos, ele precisa entender. - sorrio.
— Para um pai, os filhos nunca crescem.
Eu sorrio e continuo a conversa mais um pouco até que precisei desligar para sair do quarto e explorar meu novo lar. Depois da conversa com a minha mãe, tomei a liberdade de andar pela mansão vendo minuciosamente cada decoração e especialmente as pinturas em tela que há nos corredores.
— Eu conheço esse quadro aqui, é do artista Claude Monet... As pinceladas são inconfundíveis. - Falei em voz alta para um dos mordomos que começou a me seguir.
— De fato, é original...
— Eu imaginei...
— Você entende de pinturas?
— Não tanto quanto eu gostaria, mas meu pai é um especialista nisso. Temos muitos quadros em casa.
— É um senhor muito culto, imagino.
— Ele é... - sorri enquanto passava o dedo na moldura do quadro. - Qual o nome dessa pintura?
— Se não me engano é "Veneza ao pôr do Sol"
— O reflexo na água é maravilhoso... - Observo atenta enquanto vou até o próximo quadro.
Passo os últimos momentos admirando cada quadro do corredor, saber que isso pertence a mim também, me deixa animada.
Enquanto passava pelo corredor, vi uma porta aberta e lá dentro daquela biblioteca, havia um piano preto.
— Uh, isso é maravilhoso... - Vou imediatamente até ele para admirar.
— Esse está na família Belvure a quatro gerações.
— Está bem conservado. - Levanto a tampa do piano e vejo as teclas, algumas estão desgastadas e isso me deixou contente. - Por acaso Davian sabe tocar?
Ele ficou tão surpreso antes, quando descobriu.
— Na verdade não, ele nunca se sentou aí.
— Mesmo? É uma pena...
Uma empregada se aproxima do mordomo e cochicha algo. Estou olhando as teclas, desejando colocar os meus dedos ali e tocar alguma coisa, mas não tive tempo.
— O almoço está servido, senhorita. Por favor, me acompanhe.
Vou até ele e saio do quarto olhando para trás. Já do lado de fora, me sento debaixo do gazebo, preparado para mim.
— Davian não virá comer?
— Ele só almoça mais tarde, senhorita. - Um empregado diz, enquanto coloca um pouco de suco no meu copo.
— Mesmo?
Já são quase 1 da tarde, ele come fora de hora com frequência?
— E ele está muito ocupado?
— Eu imagino que sim.
— Entendi...
Ele não tira mesmo folga, até lá no hotel ele fazia algumas ligações às vezes, então não posso dizer que tive 100% a atenção dele o tempo todo. Ninguém diz isso abertamente, mas se casar com um homem de negócios é praticamente estar solteira na maior parte do tempo. Não me impressiona que eu já tenha ouvido tantas fofocas de mulheres que traíram o marido ou que causava algum transtorno para aparecer na mídia. Isso tudo era para chamar atenção, ou apenas para passar o tempo?
Enquanto penso nessas coisas, tomo um pouco de suco e provo do prato que pedi. No fim o Carré de cordeiro e o risoto estavam magníficos, isso prova que o chefe de cozinha é maravilhoso em reproduzir esses pratos. Além disso, a Panna Cotta estava esplêndida, pensei em pedir mais, mas não quero correr o risco de enjoar dela. Sou assim quando gosto muito de uma coisa, evito repetir sempre para não enjoar de pressa.
౨ৎ De tardinha, passei o meu tempo organizando o closet, coloquei as minhas roupas nos cabides e abri um espaço entre os presentes que estavam em cima da prateleira, para colocar os meus chapéus.
— Senhorita Evangeline, por favor tome cuidado. - A empregada diz enquanto estou em cima de um banco, organizando por mim mesma, as coisas.
— Está tudo bem, esse banco é mais baixo do que eu imaginava. - Coloco um Chapéu ao lado do outro.
— A senhorita não prefere que eu organize no seu lugar?
— Está tudo bem, pode pegar o próximo chapéu na caixa? Por favor.
— Ah, sim... - Ela vai até a caixa e pega mais alguns chapéus.
— O que está fazendo aí? - Escuto a voz de Davian.
— Terminando de arrumar as coisas, boa tarde para você também.
— Desculpe, boa tarde.
Pego o chapéu com a empregada e olho para ele enquanto escora na porta e coloca as mãos no bolso da calça.
— Pensei em ir lá no seu escritório, mas me disseram que você estava ocupado demais. Então deixei para lá. - Voltei a arrumar meus chapéus.
— No fim, acabei não aproveitando direito esse último dia de folga.
— Chama isso de folga? - Eu ri, mas ele ficou em silêncio.
Coloquei o último chapéu ao lado do outro e desci do banco, olhando o meu trabalho feito.
— Você apenas trabalha em casa, a distância e diz que é folga... Que fascinante. - Eu olho para ele. - O que achou da minha organização?
Ele olha minha coleção de chapéus lá em cima.
— Meio torto.
— Uma ova que está! - Eu ri e cutuquei ele com o braço.
— Você já acabou?
— Já acabei - Passo por ele e vou até a cama. - Amanhã vão trazer a minha gata, você tem algum problema com animais?
— Nenhum, desde que não quebre nada.
— Minha gata é super comportada, ela não vai causar nenhum problema. - Me sento na beira da cama.
A empregada sai do closet com a caixa e nos deixa a sós.
— Você almoçou muito tarde?
— Por volta das 3 da tarde, e você?
— Eu comi antes, pensei que iria almoçar comigo, mas falaram que você costuma comer tarde.
— Vou ajustar o meu horário para almoçarmos juntos, será que a senhorita ocupada poderia esperar mais meia-hora todos os dias?
— Hmmm... Acho que posso. - Eu sorrio quando ele vem até mim.
— Tenho uma pergunta... - Ele se senta ao meu lado na cama.
— Uma pergunta? Pode fazer.
— Por que ainda não abriu os presentes?
— Ah... - Fiquei um pouco desapontada com a pergunta dele. - Decidi que iria abrir com a minha mãe quando ela viesse aqui... Mas se for um problema para você, eu posso abrir hoje mesmo.
— Não, não precisa... De qualquer forma, eu nem me importo com o que ganhamos.
Caramba que frieza... A maioria das coisas foram presentes dos amigos dele.
— Então por que perguntou sobre isso afinal?
— Só achei estranho que ainda haja caixas e sacolas de presentes no nosso closet.
— Entendo...
Ele pegou um papel no bolso da calça.
— O que é isso? - Olhei a mão dele.
— Me entregaram esse cheque antes, no casamento...
— U-um cheque?
— Pensei em dar a você, sei lá. Para gastar com o que bem entender.
Um sorriso cresceu no meu rosto e tentei pegar o papel, mas ele rapidamente o afastou.
— O quê!? - Eu ri.
— Seja responsável com esse dinheiro, Evan.
— Claro que eu vou!
Tentei pegar novamente já que ele aproximou a mão, mas novamente a afastou! Está me fazendo de boba.
— Qual é a sua, ein? - Meu sorriso começou a desaparecer.
— Gaste com algo que você precise, que seja útil.
— Tá, já entendi. Eu vou ser responsável.
Dessa vez ele realmente me entregou o papel e eu olhei a assinatura percebendo que o nome assinado nele é da família Belvure.
— Amós Belvure?... - Olhei para ele. - Seu pai entregou isso?
— Mandou um empregado me entregar.
Era um cheque de 170 mil dólares.
— Minha nossa... Agradeça ao seu pai por mim. - Eu o abracei animada.
— Em breve vai poder dizer pessoalmente... - Ele colocou a mão nas minhas costas e com a outra me fez sentar no seu colo.
— Mesmo? Vou poder falar com o seu pai face a face?
— Claro que vai, não pensou que nunca o veria, pensou?
— Cheguei a pensar isso sim, já que me falam que ele é tão ocupado. - Dobrei o cheque e guardei no meu bolso.
— Que exagero, ele está diminuindo a frequência de trabalho e lentamente passando tudo para mim...
Dei um selinho nele e depois outro beijo.
— Então logo, quem vai ficar ocupado demais é você... - Passei a mão no rosto dele, e segurei seu rosto o beijando na bochecha.
— Isso mesmo... - Ele puxou o meu corpo para si e nossos beijos logo ficaram intensos o suficiente para que eu começasse a me esfregar no seu colo.
— Imagino que está animada para outra noite comigo, mas infelizmente vou precisar interromper, para avisar que vamos sair.
— Ah... Mesmo? - Suspirei e olhei para o rosto dele.
— Sim, então coloque um casaco... - Ele beijou a minha bochecha.
Guardei o cheque em um lugar seguro e me arrumei o mais rápido possível depois do banho. Desci as escadas e encontrei Davian na saída, estava com uma blusa de gola alta e mangas compridas, calças pretas da mesma cor da blusa e acabou de colocar um casaco longo da cor bege.
— Você está muito charmoso, aonde vamos? Você não me disse.
— Fiz segredo demais? Não é óbvio que vamos em um jantar?
— Oh, nem me atentei a isso... Só nós dois?
— Na verdade, vai haver mais duas pessoas.
— Ah, mesmo? - Fui até ele.
— A propósito, você está muito bonita.
Eu sorri e dei uma voltinha, antes de beijar ele.
— Obrigada, amor.
Fomos até o carro que um empregado trouxe da garagem, o carro era um Dodge Viper da cor esmeralda, parecido com um que meu pai tem em sua garagem.
— Você tem bom gosto para carros... - Olhei ele abrir a porta.
— Eu tenho? - Ele fechou a porta assim que entrei e deu a volta.
— Sim, você tem. Meu pai tem um carro parecido, só que é vermelho. Ele me disse que é o favorito dele.
— Eu acredito, esse carro é muito bom... - Ele entrou e fechou a porta.
Imediatamente coloquei o cinto quando ele deu partida e pisou na embreagem. O carro fez um barulho incrível.
— O som não é mágico? Ele passou por uma manutenção recentemente e ficou melhor que antes.
— É incrível sim - sorri.
౨ৎ Segurei o meu cabelo enquanto andávamos na rua com o carro, não há a parte de cima então tive problemas com isso. Não quero correr o risco de chegar descabelada. Davian parou o carro de frente para um restaurante de luxo e nós descemos. O manobrista pegou a chave com Davian e nós entramos no estabelecimento.
— Boa noite, já tem reserva? — pergunta a atendente.
— Boa noite, estamos aqui para encontrar um casal de amigos.
— Ah, é o senhor e a senhorita Belvure?
Fiquei tão entusiasmada quando o recepcionista falou o sobrenome. Um funcionário veio até nós e retirou o nosso casaco por causa do calor que estava no restaurante.
— Obrigado... - Davian e eu acompanhamos um garçom até a mesa.
Nesta mesa havia um casal que se levantou assim que nos aproximamos.
— Boa noite, Davian! Meus parabéns - Ele cumprimentou Davian com um aperto de mão e depois a mim.
Cumprimentei a mulher também com um aperto de mão, e logo nos sentamos. O clima entre nós, era agradável.
— Evangeline, me deixe apresentar meu ex-colega da faculdade. Este é Tom Marlone, Tom essa é Evangeline.
— Ah sim, muito prazer, senhorita Evangeline.
— Digo o mesmo... Mas, não me lembro de tê-lo visto no casamento.
— Ah, infelizmente não pude ir por causa de alguns assuntos. Mas liguei para Davian o mais rápido possível quando eu soube do casamento, e pedi para marcamos um jantar a fim de parabenizá-los pessoalmente. - Ele olhou para mim e Davian enquanto falava.
— Entendo, tudo bem.
— E essa é a minha noiva Alita Marget, conheci no último semestre da faculdade. - Tom riu animado e eu sorri para a mulher, que fez o mesmo.
É uma maravilha quando as mulheres se dão bem de cara, eu particularmente não gosto de criar nenhum tipo de rivalidade feminina com nenhuma mulher, embora sem conhecer, às vezes olham com deboche.
Um garçom logo veio nos atender e fizemos alguns pedidos.
— Enfim, devo admitir que fui pego de surpresa quando eu soube que ia se casar, Davian. - Tom disse surpreso enquanto pessoalmente servia champanhe sem álcool para nós dois.
— Eu imagino, para ser sincero... O noivado foi em segredo por alguns meses, você sabe... Por causa da mídia, trabalho, etc.
— Eu super entendo.
— Achei que foi uma excelente escolha quando fiquei sabendo que era da família Carson. - Tom me olhou.
— Conhece a minha família? - Fiquei surpresa.
— Ah, conheço! Sou cliente da empresa Carson, fiz o seguro do meu carro lá... Sabe?
— Ah, entendo! - Eu sorri.
Eu não tinha ideia que nossos seguros incluíam carro também.
— Pois é, sou cliente há 5 anos.
— Acho que me lembro do meu pai mencionar o seu sobrenome uma vez. - Menti enquanto tomava um pouco de champanhe.
— Mesmo!? Fico muito contente com isso. - Tom sorriu.
Davian me olhou de canto.
— E então? Vocês fizeram o mesmo curso? Ou só estudaram juntos na mesma instituição? - Olhei para Alita que parecia não conseguir se encaixar na conversa.
— Fizemos o mesmo curso. - Ela pegou a taça de champanhe e tomou um pouco.
— E foi de quê?
— Administração.
— Ah! Meu pai queria que eu fizesse isso também, mas acabei recusando na época. Não foi muito do meu interesse.
Davian e Tom começaram a conversar sobre outra coisa enquanto eu tentava me enturmar com a moça.
— Mesmo? E você fez curso de quê? - Ela perguntou.
— Fiz de relações internacionais.
No meio disso, os pedidos chegaram e nós começamos a comer, o ambiente foi agradável e a conversa também. Mas logo o jantar chegou ao fim e fomos juntos para a saída depois de Tom pagar a conta. Ele se ofereceu para fazer isso, e disse que era uma forma de desculpas por não ter ido ao casamento de Davian. Eles pareciam mais amigos do que os que foram no casamento e conversaram com Davian, ele até mesmo riu de algo que Tom disse sobre o passado. Uma proeza que eu espero conseguir fazer também.
— Obrigado pelo jantar senhor Tom, foi maravilhoso conhecer vocês. - Apertei a mão dele e depois a de Alita.
— Digo o mesmo, senhorita. - Alita sorriu e me deu um abraço educado. - Espero te ver mais vezes em outros momentos.
— Eu torço para que sim, por favor me visite quando puder.
— Idem - Ela sorriu.
Olhei para Tom que se despediu e entrou no seu carro, recém trago por um manobrista.
— Eles são legais - Eu disse pegando o meu casaco com um funcionário.
— Tom é o único amigo que eu confio... - Davian vestiu o seu casaco e entregou uma plaquinha com o número do carro para o manobrista.
— O único?
Ele ficou quieto e olhou o relógio.
— Está tarde...
Me aproximei dele enquanto esperávamos o manobrista trazer o carro, e o abracei.
— Está satisfeita?
— Como dizer elegantemente que estou quase vomitando de tanto que comi? - Falei baixinho e o escutei rir silenciosamente por dentro. — É, acho que não tem como dizer isso... Estou satisfeita sim.
O manobrista finalmente se aproximou com o carro, fomos até ele e vi um McLaren F1 da cor preta passar lentamente pelo nosso carro e parar mais à frente logo depois.
— Só me faltava essa... - Escutei Davian dizer enquanto olhava para o carro.
— O quê?
— Entra no carro, Evangeline. - Ele disse com a voz grave e eu entrei sem questionar.
Olhei curiosa para o carro que ele estava encarando e vi duas loiras descerem, e depois uma pessoa com uma presença forte, um homem de cabelo preto. Davian entrou no carro e bateu à porta.
— O que foi? O que houve? - Perguntei curiosa vendo ele colocar o cinto.
— Coloca o cinto.
Eu obedeci, Davian acelerou o carro e saiu em disparada.
— Davian! - Olhei para o rosto sério dele.
Enquanto passávamos pelo McLaren, vi um homem de olhos profundos abrir um sorriso de canto.
— Será que ele não gosta dessa pessoa? - Pensei comigo, muito curiosa com o que acabou de acontecer.
Davian não disse nada até chegarmos novamente na mansão.
— Você pode me falar o que aconteceu?
— Só tive o infeliz encontro com uma pessoa que não gosto, nada demais.
— Aquele Homem de cabelo escuro que estava dirigindo o McLaren?
— O dia estava ótimo, podia ter continuado assim...
Ele começou a subir a escada e ir para o corredor e eu o segui.
— Não sei por qual motivo não gosta dessa pessoa, mas não importa. Não vamos deixar ninguém estragar a noite agradável que tivemos. - Puxei o braço dele.
— Você tem razão... - Ele ajeitou o meu cabelo para o lado e deu um beijo na minha testa, e depois me beijou.
— Ótimo, então vamos nos preparar para dormir. - Eu sorri e fui até o banheiro no corredor, escovei meus dentes, soltei o cabelo e penteei. Davian entrou depois de alguns minutos e logo já estávamos na cama prontinhos para dormir.
03
No dia seguinte, minha mãe veio me visitar para abrirmos os presentes de casamento, também contei a ela sobre o cheque, e ela me disse para guardar e gastar em algo que dê muito lucro, então decidi escutar o que ela disse.
— Olha que perfume chique, mãe! - Tirei da caixinha e borrifei no ar para sentirmos.
— É muito bom mesmo, tem cheiro de baunilha e uma mistura de morango... É gostoso, e não é enjoativo.
— Essa pessoa acertou em cheio em me dar algo assim, eu amo perfumes desse tipo.
Descrever cheiros é tão difícil, mas esse perfume deve ser o melhor do mundo. É tão gostoso e agradável.
— Esse foi o último?
— Sim, já acabou tudo.
Olhei os presentes em cima da cama. A maioria das coisas são itens comuns, porém caros de beleza e perfumaria. Há alguns vestidos de seda também, e outras coisas legais. Esse povo que tem muito dinheiro, só dá essas coisas simples, porque alguém como Davian, pode comprar qualquer coisa. Agradar um dos casais mais ricos do mundo, realmente não parece ser uma tarefa fácil quando se trata de presentes.
— Será que a Anne vai gostar? - Fui até a minha gatinha que estava em um canto da cama e a beijei.
— Ela estava no seu quarto escondida, acredita? - Minha mãe fez carinho na cabeça de Anne, que logo bocejou.
— Mesmo? Deve ter estranhado que eu não aparecia, espero que ela se acostume com esse lugar.
— Ah, gatos sempre se acomodam em qualquer lugar, ela vai ficar bem.
Minha mãe foi embora depois de passar a tarde comigo. Davian está trabalhando normalmente agora, então eu fico na mansão sozinha a maior parte do tempo. Voltei a praticar piano e ler algumas revistas para estar por dentro do mundo que estou agora, sou praticamente uma subcelebridade da noite para o dia, então é um pouco difícil acompanhar tudo.
Fui uma pessoa muito desligada do mundo, então sempre estive atrasada nas tendências, mas agora preciso acompanhar tudo se eu quiser mudar a imagem ruim que a mídia tem de mim. Eu realmente não consigo entender por que não gostam de mim, eles estão sempre criticando qualquer coisa minha quando eu apareço em público. Por exemplo, ontem, quando fomos ao jantar, havia um paparazzi do lado de fora que tirou uma foto minha abraçada com Davian, enquanto esperávamos o carro. Foi tão irritante ver isso na capa da revista quando recebi hoje cedo.
— Escuta só, Anne... - Sentei no sofá e passei a mão na minha gatinha. - "Enquanto saía do restaurante de renome na cidade, Evangeline foi flagrada abraçando seu marido Davian, mas o que chamou a atenção não foi apenas o abraço, mas sim a escolha de vestimenta e a postura desalinhada da senhorita Belvure. Com um conjunto desajeitado e um semblante desinteressado, Evangeline não correspondeu ao status e ao glamour associados ao seu marido, um respeitado CEO. Sua falta de elegância e estilo deixou muito a desejar, levantando questionamentos sobre sua adequação ao círculo social de Davian" ... - Deixei a revista cair no meu colo. Anne me olhou, levantou a perna e começou a lamber a virilha.
— Concordo com você... - Peguei a revista novamente vendo as fotos que tiraram e amassei a revista, jogando na lareira logo em seguida. - Eu nem estava tão mal vestida assim, eles exageram...
Sentei no sofá novamente e abracei a almofada enquanto olhava para o teto. — É crítica atrás de crítica, parece que só falam do meu casamento nos jornais agora... Como se eles não tivessem outra coisa para fazer.
Acabei adormecendo no sofá enquanto pensava no que eu ia fazer. Acordei com uma empregada me chamando, dizendo que o jantar estava pronto. Fui para o banheiro e tomei um banho primeiro antes de ir até a sala de jantar para comer.
— Davian não virá? - Olhei a empregada enquanto ela colocava o meu prato.
— Perdão, esqueci de avisar que ele ligou avisando que iria jantar na empresa...
— Entendi... Que coisa... - Apertei o meu pulso debaixo da mesa.
Preciso me ocupar também com alguma coisa em vez de ficar lendo revistas o dia todo. Talvez usar o dinheiro que tenho, para comprar algumas poucas roupas novas, e ver se assim faço a mídia sossegar um pouco. Então já tomei a minha decisão do que fazer amanhã!
౨ৎ Como de se esperar, o amanhã chegou e eu tomei a liberdade de pegar um dos carros de Davian para ir ao shopping. Sequestrei uma das empregadas para me ajudar com as sacolas.
— Não tem problema mesmo se eu apenas sair do meu trabalho na mansão para te acompanhar?
— Imagina, eu até vou te pagar um pouco mais por isso.
— Entendi...
Dirigi animada por estar em um carro de luxo, entre todos os carros de Davian, escolhi um Bugatti EB11 da cor cinza. O som é magnífico quando eu piso na embreagem, mas preciso me conter para não incomodar os pedestres com o som. Parei no semáforo e aguardei ficar verde. Durante a minha espera, eu vi aquele McLaren preto passar na minha frente. Olhei para a empregada na esperança dela dizer alguma coisa.
— Você sabe quem é a pessoa que está dirigindo aquele carro?
— Não me lembro bem...
— Droga, ela não sabe de nada? - Pensei angustiada e pisei no acelerador quando o sinal abriu.
De frente para o shopping, entrei no estacionamento e depois subimos de elevador até o piso 1.
— Senhorita, será bom se você colocar seu óculos de sol... - A empregada cochichou.
— Mas estamos dentro do shopping, não faz sol aqui.
— É por causa dos paparazzis, será bom se ninguém te reconhecer.
Vai ser ainda mais esquisito se eu andar com um óculos dentro das lojas... Mas acabei fazendo o que ela disse. Fui até uma loja de boutique, confesso que fui fisgada por ela quando vi alguns chapéus nos manequins da vitrine.
— A senhorita vai comprar chapéus?
— Alguns eu vou... - Escondi o meu entusiasmo.
— Entendo... - A empregada me seguiu até uma vendedora.
— Bom dia, gostaria de ver algumas roupas.
A vendedora me olhou de cima a baixo e obviamente estranhou que eu estivesse de óculos.
— Bom dia, qual exatamente o seu tamanho?
— É "M", mas às vezes "P" também serve.
Ela me levou até algumas roupas e dei a minha bolsa para a empregada segurar enquanto eu olhava as roupas no cabide.
— Esse vestido é lindo...! - Coloquei por cima de mim por um momento para ver o tamanho. - Vou querer experimentar esse. - A vendedora colocou o vestido em uma cestinha e já olhei outras peças.
— Uhh, esse também parece ótimo... E esse outro, e essa blusinha também é um arraso!
A cestinha logo ficou cheia. Depois fui até os chapéus e senti cócegas na barriga de tanta excitação de comprar algo que eu gosto.
— Olha esse chapéu que arraso! - sorri contente e coloquei na cabeça, indo até o espelho e vendo como ficaria. - Esse chapéu super combinaria com o vestido que eu coloquei na cesta.
A empregada sorriu e concordou, a funcionária pegou outra cesta e colocou alguns chapéus que eu escolhi.
— Sua compra deu o total de 19 mil dólares, qual vai ser a forma de pagamento? - A atendente disse, depois de passar todas as minhas compras.
— Tudo isso? - Coloquei a mão na cintura enquanto pensava.
— Sim, algo a mais?
— N-não...
Nunca fiz uma compra tão grande num único dia, meu pai surtaria se eu fizesse algo assim.
— Bem, vai ser no cartão mesmo... - Peguei na minha bolsa. - E vai ser no crédito, por favor.
A atendente sequer disfarçou o olhar debochado, mas eu nem liguei. Quem vai pagar sou eu mesmo...
౨ৎ Na saída, ajudei a empregada que estava com dificuldades para carregar as sacolas.
— O que acha de fazermos uma pausa e tomarmos um sorvete ali? - Apontei para uma lojinha e ela aceitou.
— Nunca tomei o sorvete daqui, na verdade, eu nunca vim para esse shopping. As coisas são muito caras, não tem graça nem de olhar. - Fomos até a loja.
— Mesmo? Que coisa...
Não ter tanto dinheiro deve ser horrível.
— Você aceitaria se eu te desse algumas coisas que eu não uso mais? Não tem problema se você não quiser aceitar.
Não quero ofender a minha empregada, principalmente que ela pense que é uma esmola ou algo do tipo!
— Mas é claro que eu aceito! - Ela aceitou para a minha felicidade e alívio.
— Mesmo? Tenho certeza que vai caber em você direitinho.
Pegamos nossos sorvetes e sentamos enquanto continuávamos tendo uma conversa agradável. Depois paguei e fomos embora.
— Confesso que estou animada para usar os chapéus que eu comprei. - Abri a porta da mansão e entrei com a empregada.
— E eu quero muito te ver usando as roupas que comprou.
— Por falar em roupas, vamos ver algumas para você.
— Desculpe perguntar, mas vai ser descontado do meu salário? - Ela disse hesitante.
— Do seu salário? Claro que não.
Ela suspirou aliviada e olhei para Davian no topo da escada, ele já havia chegado em casa.
— Ah! Amor, bem-vindo de volta. Fiz algumas compras.
— E o que você comprou? - Ele colocou as mãos nos bolsos.
— Algumas roupas para mim... Li algumas coisas no jornal e nas revistas que não me agradou muito. - Fui até ele e beijei sua bochecha.
— Evan, já disse para parar de ler esses jornais. A mídia sempre encontrará algo para criticar, apenas não crie uma confusão, como eu disse antes...
— Eu não vou, só quero que eles parem de falar das minhas roupas quando estou ao seu lado, apenas isso.
— Entendo...
Beijei ele, e fiz sinal para a empregada subir.
— Fiquei de dar algumas roupas para ela, logo volto para saber como foi a sua manhã.
— Vou te esperar na sala de jantar.
04
Fui até Davian depois de dar algumas roupas de presente a empregada, me senti bem por fazer isso. Além de ter desocupado um pouco o guarda-roupa para caber as roupas novas que comprei.
— Quanto você gastou? - Ele me olhou enquanto eu me sentava.
— Olha, foi bastante viu...
— Quanto?
— Foi 19 mil dólares... Em roupas e chapéus...
Falei hesitante, esperando uma bronca.
— Só isso? Eu esperava mais de você...
Olhei para ele.
— Pagou no crédito?
— Sim...
— Me transfere a conta que eu pago.
— Não precisa fazer isso! Eu posso pagar.
— Me transfere, eu pago.
— M... mas... - Fiquei sem graça. - Vou transferir...
— Enfim, você não ia perguntar como foi a minha manhã?
— Ah! Sim, é claro... - Eu ri nervosa e troquei de cadeira, indo para uma mais perto dele. - Como foi a sua manhã?
— Tive três reuniões.
— Tudo isso!? - Peguei a mão dele. - Como você aguentou?
— Já é praticamente rotina, a maioria delas é rápida. Apenas para conhecer os clientes e rever contratos.
— Entendi, então serão mais longas em breve?
— Eu imagino que sim, mas falando sobre outros assuntos.
O meio-dia foi tranquilo, mas ele logo precisou sair para trabalhar novamente, então fiquei em casa provando as roupas que comprei.
— Essa ficou perfeita em você, valorizou muito bem a sua cinturinha. - A empregada disse.
— Obrigado, Megan. Vou usar esse vestido com o saltinho e nos dias que fizer calor eu vou usar o chapéu também.
— Vai ficar um arraso, a senhorita gosta mesmo de chapéus. Não é?
— Sim, desde pequena. Eu tenho um para cada ocasião. Foi uma pena que não me deixaram usar um no dia do meu casamento...
Espero ter as oportunidades certas de usar os que acabei de comprar.
౨ৎ Quatro semanas se passaram, foi uma loucura. Recebi as visitas das minhas amigas, mostrei as roupas que comprei e elas me ajudaram a montar alguns looks.
Visitei museus, contratei um professor de piano para me ajudar a me aprofundar mais ainda. Quero escrever minhas próprias partituras um dia, mas ainda não tenho ideia de como eu faria isso. Li alguns livros da biblioteca sobre economia, fui a alguns jantares com Davian e conheci outros amigos dele, mas nenhum foi tão legal quanto o jantar que tivemos com Tom e Alita. Pelo menos eu espero que o jantar de hoje seja diferente, porque Davian me avisou agora pouco pelo telefone, que vamos jantar com os meus sogros.
— Será que a minha roupa está decente o suficiente? - Me olhei no espelho e Megan concordou que estou bonita e decente. - Finalmente vou poder agradecê-los por algumas coisas...
— Você já o viu pessoalmente antes?
— Não, apenas minha sogra Genévia
— Oh, entendi...
Depois de pronta, Davian chegou, tomou um banho e se arrumou.
— Você está cheirando bem... - Ele disse enquanto arrumava a gravata...
— Obrigada amor, é um perfume que ganhei.
— É de bom gosto, odeio cheiro enjoativo.
— Isso eu concordo com você.
Nós saímos de casa e fomos até seu carro, um Jaguar XJ220 da cor verde-esmeralda. Esse homem tem um gosto muito bom, não só para carros...
Paramos de frente a um restaurante caro, como as notícias se espalham rápido, os paparazzi já estavam lá. Porque sabiam que Davian se reuniria com seus pais. Os flashes das câmeras me deixou cega por um momento, mas a mão quente de Davian na minha frente me guiou até a entrada.
— Eles são como moscas, rodeando em qualquer notícia quente, preparados para escrever matérias difamatórias e críticas estúpidas a qualquer momento. - Davian disse irritado.
— Eu concordo, mas vamos apenas ignorar e não deixar isso estragar o jantar com os seus pais. - Sorri tentando acalmá-lo e parece ter funcionado.
Um garçom nos levou até a mesa onde os pais dele estavam, e eu os cumprimentei.
— Boa noite, está muito bonita Evangeline. - Genévia me elogiou.
— Muito obrigada, você também está linda.
— Ah! - Ela riu educadamente.
— É um prazer conhecê-lo pessoalmente hoje. - Olhei para o pai dele, o senhor Amós Belvure.
— Igualmente senhorita Evangeline.
— Então, vocês já fizeram os pedidos? - Davian disse.
— Ainda não, estávamos esperando vocês. Chegamos a... - Ele olhou o relógio gigante e reluzente no pulso. - 10 Minutos antes de vocês.
— Entendo...
— Como está sendo a sua rotina como CEO da empresa Belvure? Já conheceu a cliente Mendez?
— Sim, ainda estou decorando o sobrenome de todos os clientes. Essa é àquela senhora que é dona de uma rede de hotéis de luxo, certo?
— Isso mesmo.
— Vamos parar de falar de trabalho, os dois? - Genévia bufou. - Assim nós vamos constranger a senhorita Evangeline que não entende nada sobre isso.
Eu sorri sem graça.
— Claro... - O pai dele disse olhando o garçom vir.
— Boa noite... - Ele entregou os cardápios, Davian apenas me passou e o pai dele fez o mesmo com Genévia.
— Vamos escolher querida...
— Ah, eu não sei muito bem o que o Davian vai querer...
— Pode ser qualquer prato. - Ele disse.
— Está bem... - Olhei sem graça para ele e depois para o cardápio.
— Vou pedir esse "Riz papado avec soupe de canard et crème de pois" falei certo? - Olhei para Davian e ele fechou os olhos concordando.
O garçom anotou.
— E para mim pode ser esse... "Crème de viande de buffle, accompagnée de riz assaisonné"... - Olhei para todos, mas ninguém me entendeu. - O número 15 da primeira sessão!
O garçom concordou quando eu disse o número. Genévia fez os pedidos dela e falou perfeitamente, embora eu não tenha entendido nada. Se eu soubesse que precisava aprender francês para esse jantar, e teria me esforçando.
౨ৎ Os pedidos chegaram depois e começamos a comer.
— Vamos deixar o vinho apenas para Evangeline e eu... - Ela tomou a taça da mão do marido e do filho. - Não é, Evangeline? Precisamos deles sóbrios para dirigir.
— É-é claro, tem toda razão... - Peguei a taça com ela.
— Mulher, se eu beber só uma taça, eu não vou ficar bêbado, eu juro. - Ele tentou convencer Genévia, mas ela não deu ouvidos.
Olhei para Davian, que apenas suspirou e desfrutou da sua água. Comecei a cortar a carne, mas era dura demais, não tenho noção de que tipo de carne que eu pedi. Mas preciso comer tudo.
— Essa faca está cega... - Apertei meu punho contra o prato, mas a carne apenas saiu voando e foi parar direto no decote de Genévia. - Ah! Perdão!
Ela começou a limpar e tentar tirar a carne com um guardanapo. Davian virou o rosto para o outro lado, enquanto as pessoas da mesa ao lado olhavam.
— Perdão, não foi de propósito... - Levantei para tentar ajudar ela, mas meu cotovelo esbarrou na taça de vinho e caiu no prato de Davian. - Epa! Foi sem querer...
Davian virou o rosto com os olhos lacrimejando e levantou a taça.
— Eu vou ao banheiro...! - Genévia se levantou de pressa e sumiu de vista.
Enquanto o garçom limpava tudo e trocava os pratos, houve um silêncio constrangedor na mesa e ao redor.
— Foi sem querer...
— Você já disse isso... - Davian falou baixinho.
Depois que Genévia voltou, nós comemos em silêncio como se nada tivesse acontecido, exceto a mancha de vinho no pano branco da mesa que me entregava. Mas me mantive firme e comi tudo até o fim, mesmo não gostando. Definitivamente preciso aprender alguma coisa de francês, para não passar essa vergonha novamente.
౨ৎ No carro, indo embora... Davian teve que parar o carro no meio da pista para dar algumas gargalhadas.
— V-você está me assustando rindo de repente...
— Desculpa, não pude me segurar mais.
— Como pode rir de uma situação assim?! Não percebe a vergonha que passei lá? Fiquei parecendo uma tonta idiota...
— Não foi tão ruim assim, nossas lembranças tendem a se distorcer...
— Foi péssimo, derrubei a taça na sua comida, manchei a sua calça caríssima com vinho, e meu bife, ou sei lá o que era aquilo, foi parar entre os seios da sua mãe e ficou um silêncio constrangedor o resto do jantar.
Ele virou o rosto e riu silenciosamente.
— Você não tem jeito... - Murmurei.
— Confesso que faz um bom tempo que não rio desse jeito... - Ele começou a ficar sério novamente. - Você não cansa de me divertir...
Virei meu rosto para ele, no fundo, muito contente por ele ter dito isso de mim.
— É mesmo?
— Sim...
— Vou acreditar em você... - Beijei ele.
౨ৎ Em casa nos trocamos, usei um vestido de seda que ganhei, e transamos bastante como se não houvesse amanhã, só acordei no dia seguinte ao meio-dia.
Dei um grito de excitação no banheiro, olhando o teste de gravidez na minha mão. Já faz quatro semanas desde o jantar com os pais de Davian.
— E então!? - A empregada entrou no banheiro.
— Não conta para ninguém ainda... - Mostrei o teste para ela. - Isso está certo, não é? Esses dois pauzinhos vermelhos significa que estou mesmo grávida?
— Quantos testes você fez?
— Esse é o segundo, fiz o primeiro e deu positivo também.
— Minha nossa, meus parabéns!
Eu abracei ela, foi a primeira pessoa a saber da minha gravidez além de mim. Mal posso esperar para contar a minha mãe sobre isso, espero que meu pai fique bem.
Venho sentindo enjoos há uns três dias, e pensei que fosse apenas algo que comi que não fez bem, ou que eu estivesse apenas com alguma doença leve. Mas então fiz algumas pesquisas e fui incentivada pela empregada Megan.
— Muito obrigada! Vou até o telefone para avisar a minha mãe...
Lavei minhas mãos e saí do banheiro com Megan atrás de mim, disquei o número e liguei para minha mãe.
— Alô? Pode passar para minha mãe por favor? É Evangeline... Obrigada...
Um empregado chamou a minha mãe até o telefone e ela pegou o atendendo de pressa.
— Mãe, tenho algo para contar...! Mas não surta...
— Ai, misericórdia... Diga, minha filha.
— Eu fiz o teste duas vezes...
— Teste?
— Sim, e nos dois deram positivo, estou grávida!...
Ela gritou animada do outro lado do telefone, muito entusiasmada com a notícia.
— É mesmo isso!?
— Sim! Por favor, conte ao papai também, mas acalme ele primeiro, senão vai assustar... Diga que estou bem!
— Vou dizer! Hoje eu não posso ir aí, mas amanhã eu vou bem cedinho para te ver.
— Certo, vou te esperar ansiosamente! Beijos...
Desliguei o telefone e olhei para Megan.
— Por favor, peça para o chefe Antoni preparar um jantar especial, quero dar a notícia de um jeito romântico. De preferência que a mesa seja preparada ao ar livre debaixo do gazebo.
E ela foi animada avisar o chefe. Voltei para o banheiro e tomei um banho, lavei meu cabelo e passei alguns hidratantes. Depois sai, sequei meu cabelo, fiz um penteado e coloquei um vestido bonito e fácil de tirar. Então apenas aguardei a chegada de Davian, enquanto lia algumas revistas perto da lareira.
— Anne, parece que pararam de falar mal da minha roupa, agora só focam no meu comportamento... É como Davian disse, eles sempre vão achar alguma coisa para criticar.
Anne veio até o meu colo e se acomodou.
— Eles não param de falar do que aconteceu no restaurante aquele dia... Sério, como conseguem ser tão fofoqueiros?
Peguei uma revista em cima do sofá, ao meu lado e li um trecho da matéria para Anne.
— Escuta só... "Numa noite que prometia ser uma simples refeição em um restaurante refinado, Evangeline, esposa de Davian, CEO de uma empresa milionária, transformou o evento em um espetáculo digno de nota. Enquanto tentava auxiliar sua sogra, um gesto de gentileza resultou em um desastroso derramamento de vinho na mesa. Mas o ponto alto da noite veio quando, ao cortar seu bife, este deslizou de seu prato, encontrando um destino surpreendente no decote da matriarca da família..." Argh... - Continuei a leitura. - "O constrangimento foi palpável, enquanto os presentes observavam a cena com surpresa e incredulidade. Evangeline, uma presença notável, deixou uma marca indelével na memória de todos os presentes, levantando questionamentos sobre sua adequação ao círculo social de seu marido."
Olhei o nome de quem escreveu a matéria e depois comparei com as outras revistas. Onde sempre é a mesma pessoa, uma tal de Loren Wintervoll.
— Não estou acreditando... É sempre essa pessoa escrevendo essas coisas sobre mim, em quantas empresas ela trabalha?
São três revistas diferentes, de empresas diferentes, mas sempre a mesma pessoa que escreve sobre mim.
Enquanto pensava mais sobre isso, sequer notei a chegada de Davian na mansão.
— Evan?
Olhei para trás e levantei num pulo. Já estava escurecendo.
— Amor! Que bom que você está de volta... - Fui até ele e o beijei.
— Por que estava com aquela cara?
— Quê? Ah eu descobri uma coisa!... Quer dizer, duas... - Eu sorri de canto e o puxei para subir as escadas.
— Duas coisas?
— Isso, mas só vou te contar durante o nosso jantar... Então por favor tome um banho e se arruma de pressa.
Ele me puxou por estar eufórica e me beijou até que me acalmei.
— Fala devagar...
— É que estou bem ansiosa para contar... - Eu ri e o beijei de novo. - Mas vou ter que me segurar...
Puxei ele novamente para o quarto e o deixei sozinho.
— Rápido, toma um banho e me encontra lá fora!
Escutei ele suspirar, estava sem entender absolutamente nada. O que é totalmente compreensível. Desci as escadas e fui até o gazebo, conferi se tudo estava certo para jantarmos, então me sentei e aguardei. Momentos depois, Davian puxou a cadeira e se sentou. Um empregado serviu vinho para ele e suco para mim.
— Não vai tomar vinho também?
— Hoje não... - Peguei a mão dele.
— O que aconteceu? Você está estranha...
— Estou é?
— Não vai me dizer aquelas duas coisas que tem para me contar?
— Sim, vou contar. Eu descobri... Na verdade, eu notei uma coisa que eu não havia me atentado antes.
— O quê?
— Sabe aquelas revistas de fofoca que estão sempre me atacando?
— Pensei que tivesse dito para você parar de ler... - Ele franziu a testa e tomou o vinho.
— Tá, mas escuta...! Eu notei que é sempre uma única pessoa que escreve aquelas coisas sobre mim, e que também tira algumas das fotos que aparecem lá.
— Quem? Fala logo o nome.
— É uma tal de Loren Wintervoll
— Loren Wintervoll? Nunca ouvi esse sobrenome antes... - Ele girou a taça pensativo.
— Eu devia processar essa pessoa? Talvez pare de escrever sobre mim e me deixe em paz.
Davian bufou rindo do que eu disse.
— Qual o problema? A ideia não é boa?
— Meu amor, não importa quantas pessoas você processe por difamação... Se você corta uma cabeça, duas surgem no lugar. Sempre vai haver mais pessoas para falar mal de você, além de que esse é o trabalho deles, então a empresa quem pagaria pela indenização e não a pessoa quem escreveu a matéria, entenda isso.
Franzi a testa e um biquinho surgiu, não gostei de ouvir isso.
— Não fique brava comigo, essa é a verdade... Apenas pare de dar importância para isso, eles já não pararam de falar das suas roupas?
— Sim...
— Então você apenas foi manipulada por eles.
— Quê!?
— É assim que funciona, eles criticam para moldar você nos conformes deles, para ser só mais uma igual a muitas por aí.
— M-mas...
Pensei que eu estivesse escapando disso... Mas Davian tem razão, estou mudando... Me tornando lentamente o que eles querem.
— Apenas pare de se importar com isso e de ler essas coisas estúpidas. Você não precisa se tornar o que eles querem para ser amada por mim.
Meus olhos brilharam quando ele disse isso e apertei a sua mão.
— Mesmo?...
— Sim, apenas faça o que eu disse. Evite causar confusão, senão as coisas vão aumentar e em vez de estar nas revistas, vai aparecer nos jornais e será um verdadeiro inferno, acredite.
— Você fala como se fosse uma experiência que já teve.
Ele levantou sobrancelhas desviando o olhar enquanto virava a taça de vinho. Ele confirmou com a expressão que o que eu disse era verdade.
— É, imaginei... - Entrelacei os meus dedos com os dele.
— Então apenas me escute...
— Está bem, vou fazer o que você disse e parar de ler definitivamente.
— Que bom, e qual era a outra coisa que queria me contar?
Eu sorri boba e bebi o meu suco natural de laranja.
— Tenho certeza que sua mãe é a que mais vai amar essa notícia, depois de você... Provavelmente.
— Diz logo!
— Estou prenha!
O rosto dele ficou pálido.
— Ah... A-acho que não escutei muito bem, querida.
— É sinônimo de grávida... - Tirei o teste debaixo da minha coxa e coloquei na mesa, empurrando até ele.
Davian olhou fundo nos meus olhos enquanto sua mão esquerda lentamente escorria para pegar o teste. Ele desviou os olhos e olhou a sua mão.
— Isso é mesmo verdade?... Se for brincadeira, não tem graça nenhuma.
— Até parece que eu ia brincar com uma coisa assim! - Minha voz saiu trêmula e contente.
Ele olhou o teste por um bom tempo, parecia ter dificuldades em acreditar. Ou talvez apenas não quisesse...
— Davian?
Ele colocou o teste na mesa e apoiou os cotovelos em cima do sousplat enquanto me encarava.
— Você está bem? É uma hora ruim para isso?... - Meu coração bateu forte várias vezes com medo da resposta dele.
Olhei nos olhos azuis dele, e o vi se levantar e olhar as estrelas.
— Davian? É uma coisa ruim para você?...
— Eu vou ser pai...
— Vai...? - Falei hesitante.
— Eu vou ser pai... - Ele repetiu bem baixinho.
Levantei da cadeira e fui até ele.
— Está assim a quantos dias?
— Estive enjoada a uns três dias... Mas você não respondeu a minha pergunta... - Fiz ele se virar para mim. - É uma hora ruim?
— Que bobagem você está falando? - Ele bufou sorrindo e me abraçou. - Claro que não é uma hora ruim... Eu só não esperava que fosse acontecer tão rápido.
— Eu sei... Estamos casados há dois meses e meio, então eu entendo que reaja dessa forma. Além de que... Era até que esperado, considerando que usamos proteção algumas vezes.
— Você tem razão... Eu não sei o que mais eu poderia esperar. Acho que só fui desatento a isso, considerando que tantas coisas estão acontecendo rápido...
— Está tudo bem, nós queríamos isso, afinal de contas... Sua mãe vai ficar muito feliz.
— Com certeza vai ficar... - Ele sorriu e me beijou.
— Desculpa interromper, mas já podemos servir o jantar?
— Sim, por favor! - Olhei para o empregado
Davian e eu tivemos um jantar agradável depois disso, a partir de agora, eu preciso comer coisas saudáveis e fazer pesquisas sobre o que devo ou não consumir. Vou ser mãe e preciso me preparar...!
05 (fim da amostra, fim da versão gratuita)
Minha mãe veio de manhã, e ela surtou comigo de felicidade, me abraçou e me deu algumas dicas sobre o que comer e beber, indicou algumas vitaminas para tomar e coisas do tipo que grávidas precisam fazer.
— A partir de agora, sua vida vai ser diferente nos próximos 9 meses. - Foi o que ela disse e isso ficou preso a minha mente.
O início da maternidade é complexo e eu espero me adaptar o mais rápido possível agora. Nas próximas sete semanas, Davian esteve bem ocupado no trabalho, não veio para almoçar e passou a chegar tarde demais para que eu ficasse acordada esperando por ele. Nossas relações diminuíram drasticamente, evitei ficar preocupada com isso, mas é impossível não pensar nessa mudança de atitude dele.
Infelizmente, de tão paranoica... Passei a suspeitar de uma traição, pensei que talvez ele tivesse conhecido alguém mais interessante no trabalho, ou que passou a frequentar lugares diferentes do seu trabalho, sozinho.
— Você tem certeza disso? Vai mesmo ir lá na empresa agora a tarde? - Megan disse preocupada enquanto eu saia de casa arrumando a bolsa no meu ombro.
— Eu vou! Deve haver alguma coisa, tem algo errado... Não é possível que eu apenas esteja louca assim.
— M-mas a senhorita não devia ir dirigindo! Principalmente nesse estado...
— Estou muito bem! Obrigada! - Interrompi entrando no carro.
Acabei ganhando o Bugatti EB11 de presente, então agora esse carro é definitivamente meu.
— S-senhorita! - Megan gritou, me vendo sair apressada com ele. - Droga...
Já na frente da empresa, desci enquanto ajustava o meu chapéu. Tentei entrar, mas a recepção me barrou e não me deixou subir.
— Como assim não posso ver Davian?
— Desculpe, mas a senhorita precisa ter horário marcado, e como não encontrei o seu nome aqui, não posso permitir que suba.
— Eu entendo, mas ele está em alguma reunião ou algo do tipo?
— No momento não.
— Então eu posso subir, já que ele não está no meio de um compromisso importante. - Tentei ir, mas o segurança não me deixou passar.
— Sinto muito, mas não podemos permitir.
— Droga, por que eles estão hesitando tanto? - Pensei angustiada. - Então avisem que a esposa dele está aqui.
O segurança me soltou na hora e se afastou. A recepcionista se levantou.
— Perdão?... Esposa?
— Isso mesmo, esposa... - Voltei no balcão. - Meu nome é Evangeline Carson, quer dizer... Belvure agora.
— Entendi, nesse caso... Acho que não tem problema liberar... - Ela falou hesitante olhando para o monitor do computador e para o segurança.
Me adiantei e passei por eles indo para o elevador. Apertei o botão do último andar e esperei. Durante a subida o elevador parou em um andar e dois homens entraram segurando pastas e papéis.
— Boa tarde, senhorita... - Eles me cumprimentaram e ficaram na minha frente.
— Boa tarde...
Eles se olharam e um deles abriu a pasta. Começaram a falar do trabalho e algo chamou a minha atenção.
— Ainda não acredito que vamos perder um dos nossos principais clientes para a empresa Bowensa...
— Ouvi que o chefe está furioso por causa disso.
— Essa rivalidade empresarial nunca vai terminar? Estou cansado de tanta sabotagem.
— Ouvi que é uma rivalidade visceral, as duas famílias se detestam...
— Mesmo? Eu não sabia que era algo pessoal além de apenas concorrência...
— Mas é sério, ouvi muitos boatos terríveis na primeira semana que vim trabalhar aqui. A coisa é feia entre a família Belvure e Bowensa.
Fiquei tão curiosa para ouvir o resto que quase sai do elevador junto com eles quando desceram.
— Uma rivalidade empresarial... Que afeta até o pessoal? Que história é essa?
Finalmente o elevador apitou e desci procurando pelo escritório de Davian. Estou decidida a abrir a porta de uma vez e pegar ele no flagra.
— Evan?
Parei quando passei por uma porta aberta e ele me chamou. Recuei meus passos e vi ele segurando uma pasta.
— Amor...
— O que faz aqui? - Ele saiu daquele escritório e me olhou.
— Vim ver você... - Olhei a porta do escritório dele no final do corredor.
— Não precisava ter vindo aqui no meu trabalho... - Ele me puxou até o escritório dele e nós entramos.
— Eu precisava sim - Vou dizer tudo o que está entalado na minha garganta. - Estou preocupada com você, Davian.
Ele deu a volta e se sentou na sua cadeira de escritório.
— Preocupada comigo?
— Sim! Você está saindo cedo, chegando tarde, quase não me liga durante o trabalho, não almoçamos e nem jantamos juntos... Tem alguma coisa que você queira me dizer?
Diga logo que não me ama mais e que decidiu me abandonar naquela casa!
— Desculpe... Você tem razão...
Eu não esperava essa resposta...
— É que alguns problemas surgiram na empresa, perdemos alguns contratos bons e as reuniões de sucessão acabaram, já que me apresentei para todos os clientes e funcionários de renome.
— Ah... - Puxei a cadeira na minha frente e sentei. - É por isso que está tão distante? - Olhei para a mesa e depois para ele na minha frente.
— Sim, me desculpe... Eu nem me atentei que precisava te avisar sobre isso, fui irresponsável.
— Ah, que alívio... Então é apenas problemas na empresa.
— O quê? Pensou que fosse mais o quê?
Hesitei antes de falar.
— Você está envolvido com alguma mulher daqui?
— Você está de palhaçada?
— N-não...
— Não é possível... - Ele passou a língua nos lábios, estava incrédulo.
— Desculpa! Mas não pensei que fosse qualquer outra coisa, além disso... Não deu para evitar. - Apertei meu pulso.
— Claro que não tem nenhuma mulher envolvida, minha equipe é 90% masculina.
— E os outros 10?
— Evangeline
— Entenda o meu lado pelo menos, me senti abandonada por você... - Tirei o meu chapéu. - Então não tem nenhuma mulher aqui que chame a sua atenção?
— Acho que você está vendo novelas demais... Não há nenhuma mulher nos 40 andares abaixo, só no térreo. Satisfeita?
— Um pouco... Mas você ainda passa pelo térreo para sair daqui.
— Claro que não, tem uma corda amarrada aqui na janela até o chão onde eu deslizo por ela com um cabide.
— Tem!? - Olhei para a janela procurando e ele suspirou alto.
— Claro que não! - Ele disse impaciente.
— Olha, já entendi que não tenho que me preocupar! - Levantei. - Se vai ficar tão frio de repente pelo menos avise para que eu me prepare.
— Desculpa
— Está desculpado se você sair para cedo para jantar comigo hoje.
— Não posso, vou atrasar porque estou aqui falando com você em vez de trabalhar.
— Ah... Então amanhã, pelo menos.
Ele concordou, dei a volta na mesa e beijei ele.
— Se não estiver cansado demais quando voltar, a gente se diverte... - Eu sorri e vi os lábios dele ficarem levemente curvados.
— Para isso eu tenho disposição, apenas não durma quando eu chegar.
— E você não demore demais, gerar um filho deixa qualquer mulher cansada.
O sorriso dele sumiu gradativamente e eu me afastei indo embora.
౨ৎ Ainda não consigo esquecer o que eu ouvi no elevador, então fui fazer a minha pesquisa. Comprei jornais antigos na banca e comecei a ler assim que cheguei em casa.
— Então tudo está bem? - Megan me entregou um suco proteico. - Eu fiquei tão preocupada por você.
— Obrigada, está tudo bem sim. Realmente há muitos homens trabalhando naquela empresa, e as mulheres que vi, — fora a recepcionista. — eram de meia-idade.
— Ei!
Eu ri quando lembrei que ela tem 50 anos.
— Você nem parece que tem a idade que tem.
— A senhorita também não, tem carinha de quem está na casa dos 20.
Eu ri novamente e dispensei ela para continuar a leitura. Anne cruzou a sala e veio parar em cima da minha coxa no sofá.
— Anne, descobri mais algumas coisas sobre a família Belvure... Quer ouvir?
Ela me olhou e ronronou enquanto amassava minha coxa com as patinhas.
— Muito bem... "Rivalidade Empresarial Alimenta Disputa Legal entre Belvure e Bowensa: A tensão entre as famílias Belvure e Bowensa atingiu novos patamares, enquanto o litígio por espionagem industrial se desenrola nos tribunais. Após uma longa batalha legal, o patriarca da família Bowensa, Juhan Bowensa, se recusou veementemente a pagar os 200 mil dólares exigidos pela Belver Financial Institution (B.F.I) como indenização. Apesar disso, o juiz encarregado do caso decidiu modificar a sentença para 90 mil dólares, uma decisão que inflamou ainda mais os ânimos entre as partes envolvidas. Como resultado direto desta contenda legal, quatro funcionários suspeitos de espionagem da B.F.I foram abruptamente demitidos, intensificando ainda mais a rivalidade entre as duas poderosas dinastias empresariais."...
Pensei mais um pouco sobre o que acabei de ler, essa foi só uma de muitas outras matérias. Ainda há um processo na justiça em andamento que se arrasta a mais de 30 anos, onde a empresa de Davian B.F.I pede uma indenização a empresa B.B.I por ter divulgado campanhas difamatórias. Essa briga é terrível, ambas as empresas têm o mesmo tipo de serviço. A empresa de Davian é uma empresa de Finanças que atua na área de serviços bancários e na área de investimento. E a empresa Bowensa é uma concorrente com o mesmo tipo de serviço, mas que se destaca por ter uma forte influência nos mercados internacionais.
— A coisa é feia, Anne... Me dá até dor de cabeça ler todas essas matérias. Não é à toa que aquele funcionário disse que estava cansado de tanta sabotagem... - Bebi a proteína e fiz carinho nas costas de Anne. - Como se não bastassem as duas empresas se acusando em processos diferentes de espionagem, ainda se acusam também de sabotar os projetos uma da outra...
Não vou ficar mais tão surpresa se Davian frequentemente aparecer irritado, não é para qualquer um administrar e investir dinheiro em uma empresa assim e ainda lidar com essas coisas. Confesso que ainda estou curiosa com essa briga entre as duas empresas, como isso começou? Por que simplesmente não resolvem isso de uma forma pacífica? Há muitas empresas por aí que tem concorrentes fortes, mas que apesar disso não saem, por aí difamando uma à outra e criando essa confusão toda...
Já faz três dias desde o que descobri sobre a briga entre as duas empresas e consegui o nome de uma pessoa importante, aquela pessoa que estava dirigindo o McLaren e que deixou Davian tão irritado.
— Sua barriga está crescendo rápido... - Megan disse enquanto eu me olhava no espelho, procurando uma roupa ideal.
— Você também acha isso? - Eu ri.
Estou tentando me aprofundar mais nessa história toda, é ótimo para passar o tempo. Minha rotina desde o casamento tem sido ir a salões de beleza, SPA, a manicure, visitando minha mãe e transando com Davian até ficarmos satisfeitos. Confesso que a parte de salão e manicure tem sido um tédio, a gente enjoa rápido dessas coisas quando se tornam rotina.
Preciso estar perfeita a maior parte do tempo, principalmente em público. Eu parei de ler as revistas como eu disse a Davian que faria, e confesso que tenho me sentindo melhor sobre isso, mas os olhares arrogantes de algumas pessoas ainda me incomoda.
Enfim, hoje vou a um evento de caridade que foi organizado por algumas empresas, pretendo fazer uma doação generosa de alimentos para algumas famílias necessitadas.
Enquanto olhava um panfleto que Megan me trouxe, notei no rodapé o nome das empresas que estão ajudando nesse evento e aparentemente um representante da família Bowensa vai estar lá, e quando li o nome dele, meus olhos brilharam e tracei um pequeno objetivo.
— Você acha que está descente o suficiente? Dá para notar a minha barriga? - Me olhei de lado no espelho tentando ver alguma coisa, estou usando uma calça e uma blusa branca que é solta em baixo, então a barriga não fica tão marcada.
— Daqui não dá para ver, só faz algumas poucas semanas, então não se preocupa tanto.
— É que ainda não anunciamos a gravidez a mais ninguém além dos nossos pais e você.
— Pode ficar tranquila quanto a mim, a minha boca é um túmulo! O que acontece no trabalho, fica no trabalho. - Ela sorriu e me entregou a minha bolsa.
— Mesmo? - Eu sorri, Megan é uma pessoa adorável.
— Mesmo!
౨ৎ Enquanto dirigia em direção ao estádio, onde vai acontecer o evento, olhei o caminhão de alimentos me seguindo, tive que insistir muito para convencer Davian a me deixar usar um pouco do dinheiro do cheque. Ele não tem a menor ideia do que estou fazendo e qual outra empresa está nesse evento, decidi não contar para evitar dor de cabeça.
— Com licença, senhorita Evangeline? - Uma mulher me recebeu assim que desci do carro.
— Bom dia, sim?
— Assine este papel, por favor, estamos fazendo um sorteio pequeno de uma cesta de chocolate para todos os colaboradores.
— Ah sim! Que ótimo... - Ela me deu uma caneta e eu assinei na prancheta. - Ein, onde o caminhão pode colocar as caixas de alimentos?
— Vou mostrar a eles, não se preocupe, por favor entre e tome um drinque. - Ela sorriu.
— Ah obrigada. - Ativei o alarme do carro e entrei no estádio.
No gramado havia algumas mesas e cadeiras onde a maior parte estava cheia e ocupada por homens, havia duas ou três mulheres nelas, e bem na frente de todos um pequeno palco improvisado pelos funcionários do estádio.
— Olá! - Cumprimentei alguns homens com a cabeça enquanto eu caminhava até uma mesa vazia.
Me sentei em um lugar afastado e comecei a olhar em volta enquanto tentava me sentir à vontade na cadeira de metal. Era um evento simples, embora os homens e mulheres sentados estivessem de terno e roupas sociais.
— Evan? - Uma mulher me chamou e virei meu pescoço para olhar. - Você por aqui?
— Alita! - Fiquei animada por ver um rosto conhecido. - Olá...
Ela sorriu e veio até mim.
— Eu não imaginava te ver aqui
— Digo o mesmo, você está participando também?
— Estou - Ela riu. - Sou uma das organizadoras do evento.
— Que surpresa, isso é muito legal da sua parte.
— E da sua também, sem colaboradores como você, esses projetos não seriam possíveis.
— Fico lisonjeada, o senhor Tom também está aqui?
— Ah, não está... - Ela pareceu um pouco triste. - Mas ele participa às vezes também, só não pode dessa vez porque está viajando.
— Entendo...
Nossa conversa se prolongou até que fomos convidadas para o bufê. Já era meio-dia então podíamos comer algumas coisas enquanto socializávamos.
— Aceita um Drink senhorita? - Um funcionário me perguntou.
— Ah, não obrigada... Mas se tiver suco natural eu tomo.
— Infelizmente não tem...
— Não tem problema... - Eu sorri e peguei uma garrafinha de água. - Esqueci que quando a maioria desses eventos é organizado e tem muitos homens, raramente tem outra coisa além de bebida alcoólica. - Pensei.
Enquanto andava ao redor, meus olhos procuravam a pessoa que preciso me aproximar. E eu logo encontrei ele, em uma rodinha de 4 homens, o único usando terno preto em meio ao azul, seu nome é Emeric Bowensa, o filho mais novo e gerente da empresa B.B.I.
— A maior burrada empresarial que eu já fiz foi não ter comprado as ações da Coca-Cola quando valiam apenas 114 mil dólares... - Ele disse aqueles homens. - Qual foi a de vocês?
— Foi não ter investido na Microsoft quando tive a chance, não dei tanta importância na época. - Um senhor disse.
Me aproximei deles para escutar enquanto provava um camarão no espeto. Odiei o gosto e joguei disfarçadamente debaixo da mesa.
— Minha burrada empresarial foi ter feito parceria com os Belvure em 1968... - Um homem arrogante disse e escutei Emeric rir.
— Ouvi dizer que teve um prejuízo dos grandes e sua empresa quase faliu, admiro o seu senso de humor por falar disso com tanta facilidade. - Emeric sorriu de canto.
— Eu devia ter escutado meu sogro naquela época e feito negócios com o seu pai. - O homem arrogante disse e depois riu.
Apertei o palitinho enquanto arrancava um pedaço pequeno de rocambole de carne. O gosto não era tão ruim... Mas ouvir a conversa deles fez a minha boca amargar.
— E você senhorita? Qual foi a sua burrada empresarial? - Um homem do grupo me perguntou.
— Q-quê? - Limpei o canto da minha boca onde havia um pouco de gordura, fui pega de surpresa!
— Para estar tão elegante aqui, deve ser muito bem sucedida... - Ele me olhou de cima a baixo e notei os olhares dos outros. - Qual a sua empresa?
— A-a minha empresa? - Peguei um guardanapo de papel e limpei os meus lábios. - É pequena, não tem tanto dinheiro quanto a de vocês, imagina... - Eu ri de nervoso. - Ter dinheiro para investir em ações da Coca-Cola, Microsoft e enfim... É um sonho... muito distante.
Emeric sorriu enquanto os homens riam.
— No entanto, a senhorita chegou aqui com um carregamento grande de alimentos... - Emeric levantou seu copo como um brinde, um agradecimento.
— Foi ela!? - O senhorzinho disse surpreso e os outros me parabenizaram.
— Mesmo com uma empresa pequena, ainda fez um gesto como esse... Devemos ser respeitosos, - Ele olhou os outros. - Não acham?
— Sim, sim! Meus parabéns... - Eles disseram sorrindo.
— Obrigada... - Eu sorri tentando evitar pensar na conversa que estavam tendo sobre os Belvure.
Os homens se dissiparam quando alguém falou em um microfone lá no palco. Olhei na direção e vi Alita com uma caixinha em mãos.
— Vamos fazer o sorteio agora porque sabemos o quão ocupados vocês são... - Ela riu e balançou a caixinha.
Enquanto mastigava, ouvi os passos de alguém no gramado atrás de mim. Me virei e vi Emeric com um leve sorriso enquanto olhava para o palco, ele estava bem perto e olhava com atenção para longe. Virei meu rosto para o palco novamente e voltei a mastigar. Quando finalmente engoli, ele disse algo.
— Eu sei quem você é.
A carne passou rasgando na minha garganta pela forma fria que ele falou. Seu ar descontraído e extrovertido de antes se dissipou como fumaça e mostrou sua verdadeira voz, rouca e misteriosa. Meu coração bateu forte e emudeci.
— O ganhador é... Emeric Bowensa!
Todos bateram palmas e ele levantou os braços para cima parecendo feliz, algumas pessoas riram de sua palhaçada enquanto ele ia todo animado até o palco pegar sua cesta.
— Obrigado! Nunca tive sorte com sorteios... - Ele disse alto enquanto recebia a cesta.
Os aplausos cessaram e ele se aproxima do microfone para dizer algumas palavras.
— De verdade, esses eventos são os meus favoritos. Minha família adora participar todos os meses, e estou aqui como representante dos Bowensa para dizer que apesar de ter sido sorteado, eu não mereço essa cesta hoje... - Ele olhou para a cesta e depois para o público que murmuravam.
— Você tem certeza disso? - Alita perguntou.
— Tenho, essa cesta deve ser dada a maior contribuinte desse evento, aquela bela e elegante mulher ali de chapéu. - Ele apontou para mim!
Todos me olharam e nada saiu da minha garganta. Um funcionário do estádio me puxou até o palco na frente de todos e minhas pernas começaram a tremer por ser o centro das atenções!
— E-eu...
— Ela é tímida, pessoal! Não vamos constranger a moça... - Ele riu olhando o público e veio na minha direção me entregar a cesta.
Meu coração gelou quando ele aproximou o rosto do meu ouvido e cochichou algo enquanto colocava a cesta nas minhas mãos.
— Palmas para ela! - Ele se afastou batendo palmas e eu olhei para ele sem reação.
Alita veio até mim e me ajudou a sair do palco.
— Você está bem? Foi muito inesperado não é?
— Estou, sim... Foi muito... - Olhei para a cesta e depois para ele, que estava indo embora com outros homens.
— Bom, meus parabéns, então...! Dívida com Davian ein, não coma tudo senão pode fazer mal. - Ela riu.
No carro indo para casa, parei uma quadra antes da mansão e olhei para a cesta no banco do carro. As palavras dele me pegaram de surpresa...
— Detesto chocolate, então pode ficar com isso... Grávidas não devem passar vontade, não é? - Foi o que Emeric disse no meu ouvido!
Esse homem... Ele me surpreendeu de todas as formas possíveis hoje!
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